quinta-feira, março 18, 2010

Merkel admite expulsão de países incumpridores

(Notícia do SOL)

A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu hoje que um país europeu seja obrigado, em último recurso, a sair da zona euro se, «repetidamente, não cumprir as condições» necessárias para se manter na moeda única.
A chefe do Governo alemão vem assim enfatizar as declarações do seu ministro das Finanças que, na semana passada, num artigo de opinião no Financial Times, tinha defendido esta ideia.




O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, tinha defendido na semana passada a saída da zona euro dos países que não consigam consolidar as finanças públicas ou reestruturar a economia, num artigo publicado no Financial Times.

«Se um país membro da zona euro, no limite, não conseguir consolidar o seu orçamento ou restaurar a sua competitividade, este país, deve, como solução de último recurso, sair da zona euro, embora mantendo-se como membro da União Europeia», escreve o ministro das Finanças, num artigo em que a situação das finanças públicas gregas é analisada.

«Encarar uma realidade desagradável pode ser a melhor opção em determinadas circunstâncias», afirma o responsável pelas finanças alemãs, sugerindo também que «um país cujas finanças estão em convulsão não deve participar em decisões relativas às finanças de outro membro» e que não cumprir os limites definidos por Bruxelas deve levar à «suspensão dos direitos de voto no Eurogrupo».

3 comentários:

Humberto Costa disse...

Um aviso muito sério à Grécia e Portugal deve ter isto como atenção.

As ditas vozes contra o PEC e o Governo, talvez devessem de ler estas noticias. É pena que já está esquecido o belo período da "tanga" onde o país estava de "tanga" segundo os governantes e tudo se deveria de fazer em prol do défice.

Vejamos se a Grécia não vai ter de ficar de fora. Afinal não é esta a prática adoptada nos mercados financeiros, em meter de partes os "activos tóxicos".

A única coisa que me deixa indignado no meio disto tudo é a irresponsabilização que existe. Falam de Portugal, mas olhando para a Grécia vemos que nada acontece a quem comete tantos erros e prejudica uma nação desta forma. É lamentável que a classe politica, seja ela de que país for, nunca ser responsabilizada pelos seus actos.

rui seybert p ferreira disse...

"Encarar uma realidade desagradável pode ser a melhor opção em determinadas circunstâncias".

Eis uma bela frase que elegantemente resume uma das essências da cultura e personalidade alemã.

Como sou um alemão com um pé na cultura portuguesa, não só aprovo esta atitude mas comprovo, que culturas latinas baseadas no charme e na simpatia me muitas vezes me fizeram sentir deslocado.

Mas há um detalhe importante que o alemão Sr Schaeuble não esclareceu para os não entendidos.

O que ele de facto quis dizer foi, que para RESOLVER um problema é preciso mobilizar energia e recursos e que a melhor receita para conseguir isso, é exactamente encarar a realidade desagradável que se têm pela frente, se nada se fizer.

Isto é muito diferente do 'fé em Deus', do Sebastianismo, de acender uma velinha ao Santo António, de procurar o homem forte do tempo do 'orgulhosamente sós', do Iberismo, da fuga para a História...

Facto é, que Portugal nada têm que se comparar às Grécias ou Espanhas. Basta Portugal querer para angariar criatividade e iniciativa suficiente para dar umas lições.

Para isso basta vêr como Portugal lidou em simultâneo com uma reviravolta política e a crise petrolífera em 74, a perda de mercados e recursos cativos nas excolónias, a desmobilização do seu exército e o refluxo de aprox 1 milhão de refugiados, a destruição do capital e da classe média nas nacionalisações e a liberalização e reprivatisação da sua economia.

No meio disto tudo ainda conseguiu lutar contra o Gonçalvismo e evitar um novo regime ditadorial, desta vez de esquerda.

Alguém me sabe dizer de um país europeu que tudo isto conseguiu sem extremismos e guerras?

E não será isto uma herança para os alemães e todos aqueles povos que tão bem lidam com as suas economias?. Ou já nos esquecemos das revoltas estudantis, do Le Pen, do terrorismo na Europa, no fascismo etc?

Ou será que milagrosos carros à Mercedes e BMWs, justificam todos os falhanços sociais e desgraças incutidas a outros povos?

Do que a Sra Merkle e o Sr Schaeuble falam nada mais é do que os ingleses chamam de 'common sense'.

Rui Cardoso Pedro disse...

Apesar de não me acreditar muito que possa ser possível, se há coisa que na minha vida académica tive o prazer de aprender foi que os Alemães o que é verdade hoje pode não ser amanhã e o que se julga que vai durar uma eternidade pode radicalmente mudar se a população o assim exigir. Apesar de o exemplo não ter muito a ver, o muro de Berlim caiu e surpreendeu os que julgavam que ia durar por mais de 100 anos esse muro.

Assim, uma nação que se "auto educou" desde a segunda guerra mundial, só tem de exigir que os demais se sigam o seu exemplo e tornem as suas economias mais competitivas.