sexta-feira, dezembro 07, 2012

Em defesa de Medina Carreira

O nome de Medina Carreira foi manchado publicamente. A forma como se defendeu mostrou a diferença face ao que estamos habituados.

Este homem deve ter incomodado demais certos instalados...

Muitas vezes não concordo com o que diz, com razão ou sem ela, mas a forma como está a ser "calado" é podre demais.

Segundo Marques Mendes: "O Ministro das Finanças está a gozar com o pagode".

"...tratando os Portugueses como atrasados mentais..."

Absolutamente de acordo!

domingo, dezembro 02, 2012

Sugestão de Leitura: “A Mão do Diabo” de José Rodrigues dos Santos



José Rodrigues dos Santos apresenta-nos sob a forma de romance um verdadeiro ensaio sobre economia e em particular sobre as causas da crise e a forma como a austeridade acontece, os seus porquês e origens “criminosas”, numa ficção que afinal não será apenas ficção.

Extremamente interessante e consistentemente fundamentado em conhecimento económico, em que parece ter contado com colaborações extensas de vários economistas da nossa praça, Rodrigues dos Santos traz-nos muito mais que um livro, é um autêntico libelo de acusação. Acusação contra todos os responsáveis por desgraçarem as economias de Portugal, da Grécia, da Espanha e não só. Acusação contra todos os responsáveis políticos que por omissões, negligências e incompetências permitiram que a crise se instalasse e provocasse tanto e tanto sofrimento humano. Acusação contra as medidas erradas que em vez de resolverem a crise aprofundam o desastre económico.

A ler e a passar palavra!

SINOPSE Oficial:

A crise atingiu Tomás Noronha. Devido às medidas de austeridade, o historiador é despedido da faculdade e tem de se candidatar ao subsídio de desemprego. À porta do centro de emprego, Tomás é interpelado por um velho amigo do liceu perseguido por desconhecidos.

O fugitivo escondeu um DVD escaldante que compromete os responsáveis pela crise, mas para o encontrar Tomás terá de decifrar um criptograma enigmático.

O Tribunal Penal Internacional instaurou um processo aos autores da crise por crimes contra a humanidade. Para que este processo seja bem-sucedido, e apesar da perseguição implacável montada por um bando de assassinos, é imperativo que Tomás decifre o criptograma e localize o DVD com o mais perigoso segredo do mundo.

 A verdade oculta sobre a crise.
Numa aventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tenebroso da alta política e finança, José Rodrigues dos Santos volta a impor-se como o grande mestre do mistério. Além de ser um romance de cortar o fôlego, A Mão do Diabo divulga informação verdadeira e revela-se um precioso guia para entender a crise, conhecer os seus autores e compreender o que nos reserva o futuro.


terça-feira, novembro 13, 2012

Inevitavelmente a maior greve geral pós-25 de Abril de 1974.


O dia 14 de Novembro de 2012 registará a maior greve geral do período após o 25 de Abril de 1974. Pessoalmente, não partilho de nenhuma espécie de entusiasmo por greves gerais, nem por este tipo de demonstrações de força política. No entanto, as condições económicas e sociais extremamente gravosas para a generalidade do povo Português, potenciadas pela persecução e insistência numa política económica absolutamente errada e altamente destruidora de valor, criaram o caldo de cultura para a instabilidade social e política, que pode a todo o momento degenerar colocando em causa a própria democracia. Inevitavelmente, milhares de Portugueses que nunca fizeram greve e insuspeitos de simpatias comunistas irão participar numa greve geral promovida pela CGTP. A Intersindical bem pode agradecer aos erros do governo e à política de austeridade inconsistente e que está a gerar uma crise impossível de ser superada por esta via, os grevistas adicionais que se juntarão aos habitués das greves e manifestações. Para a CGTP é um autêntico milagre ter um governo que lhe atira os Portugueses para o colo.

Assim, nem vale a pena o governo dar-se ao trabalho de entrar numa guerra de números para demonstrar que apenas 10% dos trabalhadores fizeram greve. Mesmo que esse seja o número real de grevistas também será certo que quase a totalidade dos restantes Portugueses estão contra o governo e contra a política seguida. Pior, apesar dos sacrifícios, quanto mais os Portugueses se sacrificam, maior é o défice das contas públicas porque a economia está a desaparecer, substituída por desemprego astronómico, falências em números nunca vistos e regresso à economia paralela. Enfim, um desastre completo que, trará uma das maiores transferências de riqueza da nossa história económica. A classe média irá praticamente desaparecer e a riqueza ficará muito mais concentrada nas mãos de meia dúzia. Por outro lado, o tecido produtivo será arrasado de forma irreversível por muitos e longos anos.

Assim, é urgente mudar a política e influenciar a Europa para nos permitir evitar este desastre. Não será com figuras de “bom aluno” que seremos poupados. Temos de impor as nossas condições. Outros países fizeram-no com sucesso.

Quanto maior o sucesso da greve geral, maior a representação desgraçada da depauperada economia nacional e da governação impreparada e inapta que nos calhou.

Mais um dia infeliz para Portugal.

terça-feira, novembro 06, 2012

Macroeconomicus - II Série

O Macroeconomicus mudou. Durante vários meses foi dificil atualizar o blogue e publicar opinião, estudos e promover o debate. Entretanto, o próprio Blogspot mudou a forma dos blogues e a sua organização. Com esta mudança, perdemos o grafismo anterior, mas ganhámos eficiência nas ligações e atualizações. Começamos a segunda parte deste caminho. Fica expressa a vontade de renovar este espaço com livre-pensamento e disseminação do conhecimento e da análise económica empenhada em contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas. Façamos este caminho em conjunto. Sempre.
José Paulo Oliveira

OLAE - Previsões Macroeconómicas para PORTUGAL 2013: QUEBRA DO PIB SUPERIOR A 3 POR CENTO


Os principais indicadores e conclusões são:
 
PIB cairá mais de 3 por cento;
 
Meta do défice do Orçamento de Estado é impossível de cumprir;

Desemprego ultrapassará os 17,5%;
 
Inflação superior a 2%;

Existe um risco acrescido de Quebra de Estrutura na Economia Portuguesa.
 
 
Overview das Previsões Macroeconómicas Nacionais para 2013
No seguimento da apresentação da proposta de Orçamento de Estado de 2013 para Portugal, o OBSERVATÓRIO LUSÓFONO DE ACTIVIDADES ECONÓMICAS (OLAE), na qualidade de centro de investigação e prestação de serviços da UNIVERIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECONOLOGIAS, através do seu GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA, procede à divulgação das suas atualizações em matéria de previsão macroeconómica para Portugal.
O GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA do OLAE estima, portanto, uma contração da atividade económica de aproximadamente 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). A incerteza decorrente do enqudramento externo (principalmente relativas a detriorações nas economias da área do Euro) conduz à adopção de níveis de intervalos de significância, podendo o PIB nacional contrair entre 2,7% e 3,5%. Outro importante fator, que leva a um diferencial nas previsões macroeconómicas de outros organismos e instituições, prende-se com a incerteza política e com o impato das medidas em sede do Memorando de Entendimento com as instituições internacionais. O GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA adverte os responsáveis pela condução e formulação de política orçamental, em virtude do impato das medidas resultantes do programa de ajustamento financeiro na economia portuguesa no ano de 2012.
Estritamente no panorama orçamental, o GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA entende que o governo cumpriu as principais metas acordadas para 2012, em sede do Memorando de Entendimento tripartido com as instituições internacionais. Embora o cumprimento do Memorando de Entendimento, salienta-se que os esforços de consolidação orçamental não resultaram no cumprimento previsto para o déficit orçamental. Algumas medidas propostas, a serem aplicadas ao abrigo do
programa de auxílio financeiro, não se concretizaram por via de elevadas pressões sociais, como a redução da Taxa Social Única.

Em matéria da previsão da taxa de desemprego, relativamente à população activa, este deverá atingir os 17,6%, contrariamente ao valor apontado em sede de Orçamento de Estado para 2013. É expectável uma revisão em alta do número de desempregados face ao total da população activa no decorrer do ano de 2013, dada a elevada incerteza no cenário de enquadramento político-económico e, também, de um impacto mais acentuado das medidas de consolidação orçamental no tecido empresarial nacional. O crescimento dos níveis de preços em Portugal deverão manter-se alinhados com o verificado nos anos anteriores, devendo-se a inflação cifrar-se em 2013 nos 2,3%.
As previsões macroeconómicas agora apresentadas têm como base um elevadíssimo grau de incerteza, em virtude do momento excepcional em termos nacional e internacionais. Do ponto de vista interno, o ano de 2013 estará fortemente dependente do desempenho do programa de consolidação orçamental e, por conseguinte, dos objectivos orçamentais acordados. A nível internacional, as previsões macroeconómicas apresentadas para Portugal poderão ser revistas devido à desaceleração da atividade económica mundial, a uma alteração na política económica norte-americana por via das eleições em 2013 e, especialmente, pelo cenário incerto na área do Euro. Neste domínio, o GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA alerta para a atual situação em outras economias onde já se implementaram programas de auxílio financeiro (Grécia e Irlanda) ou países com dificuldades crescentes de acesso a financiamento através de mercados financeiros (Espanha e Itália). O adiamento de algumas decisões preponderantes, como o caso da criação de uma União Bancária ou a compra direta de dívida pelo Banco Central Europeu, contribuem para o cenário de elevada incerteza na realização de previsões macroeconómicas.
Por fim, uma nota sumária para o facto de o GABINETE DE PREVISÃO ECONÓMICA relembrar, novamente, o imperativo de uma reflexão em torno dos modelos de previsão económica e macroeconómica. Historicamente, em períodos de uma forte contração do produto mundial, os modelos de previsão macroeconómica têm apresentado dificuldade em refletir a problemática do structural break. Urge, portanto, massa crítica neste domínio científico, com o intuito de aproximar os outputs dos modelos de previsão macroeconómica à realidade de uma quebra de estrutura nos países da área do Euro, onde vigoram programas de auxílio financeiro.

Obama outra vez. Claro!

Apesar de todos sabermos que os melhores prognósticos são os que se fazem no fim dos jogos, estou convencido que é nas convicções que se conhecem as pessoas. Por isso, não posso deixar de dar o meu prognóstico sobre a eleição do presidente dos Estados Unidos da América, o, até ver, mais importante cargo político à escala mundial.

Os dois candidatos começam por recolher os votos certos dos Estados que lhes são fiéis. Neste particular os Democratas estão em vantagem face aos Republicanos, pois o “chão” dos Democratas é agora maior, de há alguns anos para cá que esta situação se inverteu, tendo os Democratas sabido reverter a desvantagem do passado. Isto permite ganhar as eleições apenas ganhando alguns Estados indecisos e aí penso que Obama vai de certeza ganhar. O Ohio vai cortar qualquer esperança dos Republicanos. A administração Obama fez um trabalho excepcional na recuperação de empregos, especialmente no cluster da indústria automóvel e isso vai garantir-lhe a reeleição. Costuma ser assim, quem trabalha melhor ganha (excepção feita à chapelada do ano 2000).

Portanto, o próximo presidente dos Estados Unidos da América é: Barack Obama. No doubt about it!

segunda-feira, outubro 08, 2012

Um enorme aumento de impostos? Um erro colossal!

Há momentos em que a gravidade da situação é tal que aconselha a uma reflexão profunda antes de qualquer reacção, ainda que o impulso do momento não acabe por divergir da convicção. Por isso, este comentário vem com alguns dias de atraso face ao anúncio público daquilo a que o Ministro das Finanças chamou “um enorme aumento de impostos”.

Após o recuo do governo na medida da TSU, alicerçado na posição do CDS sobre esta matéria, pensei que tinha ficado claro que, os Portugueses não estavam em condições de aprofundar a austeridade e que o governo tinha compreendido que é fundamental aliviar o esforço fiscal para evitar o total descalabro económico.

Surpreendentemente, o governo optou por aprofundar as medidas de austeridade, valendo-se de um ataque enorme aos rendimentos das famílias. O resultado desta medida será uma enorme quebra no Consumo privado em Portugal, que levará a nova contracção do PIB, levando a uma quebra adicional no investimento das empresas e acima de tudo fará disparar o desemprego para números impensáveis. A esmagadora maioria dos economistas conhece estas consequências. Não ficou claro para mim, se o CDS mudou de opinião em matéria de esforço fiscal, mas se for coerente apenas lhe resta opor-se frontalmente a tal política. Caso contrário será tão culpado como o Ministro das Finanças e o Primeiro-ministro que lhe continua a dar cobertura.

A economia Portuguesa está a colapsar!

Há mais de seis meses atrás comecei a alertar para o perigo de quebra de estrutura na economia (vide http://www.youtube.com/watch?v=XUU9-9JMZrs ), mas até agora dei sempre o benefício da dúvida aos governantes, pois acreditei que não estavam a conseguir compreender o que estava a acontecer. Acreditei que tinha razão antes de tempo e que quando os resultados do desempenho da economia fossem conhecidos haveria lugar a inflexão de política para evitar o desastre.

Os dados da execução orçamental demonstraram claramente que, a economia real estava a ceder e os modelos macroeconómicos seguidos pelo governo iriam falhar rotundamente. Passados estes meses, já existem dados concretos para ninguém poder alegar a menor dúvida sobre o efeito das políticas seguidas. Também não há a menor dúvida do efeito que as medidas agora anunciadas terão: Vamos ficar não só mais pobres (muito mais pobres), mas também vamos acabar ainda mais endividados do que começámos (o que é uma péssima notícia para todos a começar pelos nossos credores).

Nesta conjuntura e sem o menor espaço para dúvida, estas medidas são o maior erro económico que pode ser cometido pelo governo. Não há razão nenhuma para o governo não perceber o que está a acontecer.

A economia Portuguesa está a colapsar!

Então como podemos entender o anúncio de medidas que acelerarão a quebra de estrutura económica e o colapso? Apenas vejo uma razão para este contra-senso de governação: Estamos a ser governados por IMPREPARADOS. Lamentavelmente, Portugal sofre deste mal há demasiados anos. Em tempos tão difíceis, era importante que a qualidade da governação subisse. Afinal, estamos muito longe disso.

Pior. Percebemos agora que, o Ministro das Finanças não tem apenas um estilo próprio a que não estávamos habituados. Mostrou ser INCOMPETENTE. Definitivamente INCOMPETENTE! Com este homem no leme vamos ao fundo. Não é possível atingir o equilíbrio económico em Portugal por esta via, a menos que estejamos preparados para ter uma taxa de desemprego muito acima dos trinta por cento. O colapso da economia significará que centenas de milhares de Portugueses irão perder os empregos nos próximos dois anos. Este número ultrapassará o milhão de desempregados adicionais. Note-se bem, não é passar de um milhão (isso já não demorará, mesmo com malabarismos estatísticos), é um milhão a mais. Este é o desastre onde a obstinação por esta política errada nos levará.

Os nossos credores já perceberam que nós vamos rebentar. Não é do interesse de ninguém que isso aconteça, portanto mesmo nesta situação existe a possibilidade de negociar melhores condições, que nos permitam evitar a quebra irreparável da economia e salvar muitas empresas que seriam viáveis e que serão perdidas. Ainda é possível, mas o tempo escasseia. Não temos margem para errar. Não temos margem para um erro colossal como este.

Esta política tem de ser alterada de imediato. Não há tempo para respirar. Se este governo não for capaz de alterar profundamente a política seguida, adequando-se à realidade da economia, será bom que o Presidente da República tenha a coragem para resolver o assunto. No curto prazo, eleições seriam um folclore que só nos deixaria pior. Infelizmente, a única solução de curto prazo parece-me ser o Presidente da República assumir o leme do país.

segunda-feira, setembro 10, 2012

Mais Austeridade...

As medidas agora anunciadas introduzem um acréscimo de austeridade para as famílias portuguesas reduzidindo o seu rendimento disponível, diminuirão a procura interna e encolherão o mercado interno em Portugal. Por outro lado, existirá um pequeno impacto positivo para as empresas, que beneficiará especialmente as grandes empresas e aumentará os lucros das mais rentáveis, mas passará quase despercebido na tesouraria das pequenas e microempresas.
Apesar de todos estes efeitos, ...
o crónico problema da sustentabilidade da Segurança Social, que receberá um ganho líquido direto deste aumento de contribuições, não chegará a sentir melhorias, mantendo-se o gravíssimo problema atual, que tenderá a piorar significativamente ao longo dos próximos meses. Este caminho levará a um modelo de equilibrio económico em Portugal com uma população desempregada de mais um milhão de pessoas face ao que existe hoje. Com os dados atuais podemos pensar que a economia Portuguesa podia viver em equilibrio com cerca de 35 por cento de desempregados, o que social e economicamente configura um desastre de proporções ainda hoje inimagináveis.
O equilibrio das contas públicas é uma necessidade. No entanto, equilibrar as contas do Estado à custa da morte da economia Portuguesa é um erro. As políticas macroeconómicas do atual governo insistem em escolhas que esmagarão os mais fracos da sociedade portuguesa e que não têm a menor hipótese de trazer o necessário crescimento económico. A construção de uma economia de alto valor acrescentado, baseada na inovação, que permita um nível de vida elevado, é totalmente incompatível com as opções em que o atual governo insiste. É fundamental que esta rota seja corrigida urgentemente ou corremos o risco de já não irmos a tempo de evitar o colapso.