sábado, março 27, 2010

ICCREP – Índice de Competitividade Cambial Real da Economia Portuguesa

Artigo escrito por João Soares


O Observatório Lusófona de Actividades Económicas (OLAE) é uma unidade de investigação da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias que pretende dar aos alunos dos cursos ministrados naquela Faculdade a possibilidade de desenvolverem actividades de investigação e aplicarem, na prática, os conhecimentos teóricos adquiridos.


O primeiro projecto de investigação do OLAE, iniciado em 2007, consistiu no desenvolvimento de um índice que permita aferir da competitividade relativa dos produtos nacionais nos mercados externos, com base na variação de um conjunto de variáveis influenciadoras desta mesma competitividade.

Deste trabalho nasceu o ICCREP – Índice de Competitividade Cambial Real da Economia Portuguesa – que ora se apresenta.

O ICCREP é um índice que mede a competitividade cambial real da economia portuguesa, e cujo cálculo se baseia na variação relativa dos preços dos nossos produtos nos mercados internacionais de destino, em função das taxas de câmbio e índices de preços.

Para o cálculo do ICCREP considera-se, no período de análise, a ponderação do peso do comércio com cada país em relação ao total das trocas comerciais portuguesas (importações e exportações) e a variação da taxa de câmbio nominal (ao certo) e do Índice de Preços no Consumidor de cada país. Para este cálculo consideram-se os dados relativos aos 70 países com maior peso no comércio externo português, que representam cerca de 95% do total das trocas comerciais nacionais.

Atendendo à forma de cálculo, nomeadamente pelo facto de se considerarem taxas de câmbio indirectas (ao certo), um valor do ICCREP superior a 1 indica uma perda de competitividade, enquanto que se o respectivo valor for inferior a 1 representa um ganho de competitividade. Quando o ICCREP toma o valor 1 representa a situação de neutralidade competitiva cambial real da Economia Portuguesa.

Abaixo apresenta-se o gráfico evolutivo dos valores do ICCREP desde o 1º Trimestre de 2005.

2 comentários:

Jose Paulo Oliveira disse...

Caro João,

Espero que em breve possamos trocar o P do ICCREP por M, em sinal que estaremos a calcular o Índice da Competitividade Cambial Real da Economia Moçambicana!
Temos modelo e temos uma experiência exportável, a internacionalização do OLAE para os países Lusófonos (a começar por Moçambique) terá neste índice uma das suas primeiras lanças.
Desejo que brevemente possamos publicar aqui o estudo macroeconómico de base econométrica sobre os efeitos das variações do índice, reflectindo a evolução da competitividade cambial, sobre as exportações e importações.

Abraço,

José Paulo Oliveira

rui seybert p ferreira disse...

Criar e acompanhar a evolução de indexantes analíticos como este, é de facto um valor acrescentado de institutos como o OLAE. Em Portugal faltam este tipo de indexantes. Faltam também indexantes criados tendo em conta as realidades portuguesas.

Por exemplo, eu gostava de vêr um indexante explicando o impacto que a corrupção (estimada) entre o Estado e os seus fornecedores têm na dívida pública e no déficite do orçamento de Estado. Afinal essa corrupção traduz-se em custos superiores que são os contribuintes que a pagam via custos, e por conseguinte, dívida acima do necessário.

Uma entidade na Itália recentemente publicou um estudo nestes moldes com os resultados do tempo do primeiro ministro Craxi. Este foi posto em tribunal pelo Estado e acabou os seus dias fugido na Tunísia ou Algéria. Aparentemente os seus governos foram os maiores responsáveis para o aumento da dívida pública italiana e uma explicação de como agora existe um stock de dívida bem acima dos 100% mas um déficite orçamental insignificante...Li isto no The Economist.

Gostava de ver o OLAE a lançar mais indexantes ou rácios. Algumas ideias:

Custos associados ao sistema democrático por deputado parlamentar. Também aqui a Itália publicou um estudo em que incluía o direito de cada deputado a um corte de cabelo (por mês?) no barbeiro do parlamento que cobrava EUR 200 por corte...Aposto que Portugal tendo salários baixos para os seus deputados tem dos custos sistémicos mais altos...

% do PIB criado por centros de decisão locais...

Produtividade do aparelho do Estado por funcionário público.

Distribuição da carga fiscal por tipo de contribuinte.

Custos fiscais das várias isenções e dos abatimentos à matéria colectável. Nos EUA por exemplo, USD 573, 568, 460, 419 e 261 Mil Milhões (total USD 1 trilião) perdem-se com respectivamente: Dedução de Juros sobre Hipotecas, Subsídios para Seguros/Despesas de Saúde (pré reforma), Deduções para PPRs e outros, Redução de Imposto sobre Mais valias e Dividendos, Crédito de IRS sobre parte da receita anual.

Que tal uma sessão de brain storming entre estudantes para criar indexantes e rácios que demonstrassem algumas escondidas ou ignoradas verdades para que Portugal tenha o desempenho económico que têm?