segunda-feira, julho 19, 2010

Banca: Testes de stress divulgados a partir das 17 horas de sexta-feira

(Notícia do Diário Económico)
Os testes de resistência aos 91 bancos europeus, incluindo quatro portugueses, serão divulgados às 17 horas da próxima sexta feira, anunciou hoje o Comité de Supervisores Bancários Europeu.


Em comunicado, o comité indicou que irá divulgar na sua página oficial na Internet um resumo do resultado dos testes a partir das 17 horas de Londres, juntamente com um comunicado de imprensa onde apresentam as suas principais conclusões sobre a resistência do sector bancário europeu.

Os resultados individuais dos bancos serão então divulgados ou pelos bancos ou (também) pelos bancos centrais, nos seus respectivos sites.

O comité irá ainda disponibilizar no seu site, a partir das 18h30 (hora indicativa), um resumo dos resultados dos bancos por país.

Os testes são feitos a 91 bancos europeus, entre os quais quatro portugueses (BES, CGD, BCP e BPI), sendo o Banco de Portugal responsável pelo exercício em Portugal.

Os mercados financeiros solicitaram a publicação destes testes para que se conheça a exposição dos bancos europeus à dívida da Grécia e outros países da zona do euro.

O objectivo é analisar a resistência do sector bancário europeu e a capacidade que os bancos têm de suportar condições adversas e riscos nos mercados financeiros.

domingo, julho 18, 2010

FMI e Bruxelas suspendem ajuda à Hungria

(Notícia do Diário Económico)
O cancelamento da ajuda a Budapeste promete fazer tremer a Europa. Analistas alertam para a descida das obrigações, da bolsa e do florim.
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiram suspender este sábado a ajuda financeira que estão a dar à Hungria desde 2008 para evitar a bancarrota do país. Tudo porque o Governo da Hungria não adoptou as reformas e medidas de austeridade exigidas.


"Suspendemos as nossas conversas com o Governo húngaro, porque não conseguimos encontrar terreno comum suficiente e continuam a existir muitos problemas por resolver", afirmou Christoph Rosenberg, que liderava a missão do FMI na Hungria, à Bloomberg.

Isto significa que a Hungria não vai ter acesso aos restantes seis mil milhões de uma linha de crédito de 20 mil milhões de euros.

O Executivo húngaro de centro-direita, eleito em Abril, vai assim ter mais dificuldade em trazer o défice orçamental para 3,8% do PIB este ano e manter a confiança dos investidores.

Perante este cenário, os analistas alertam para uma forte queda das obrigações, da bolsa e do florim quando os mercados reabrirem amanhã.

"Europa" quer reforçar a defesa dos clientes bancários

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
A Comissão Europeia apresentou novas propostas para melhorar a proteção dos titulares de contas bancárias e dos investidores, nos casos de falências das instituições financeiras.

Para reforçar a confiança dos investidores e depositantes europeus, sobretudo após a crise que se gerou com a falência do Lehman Brothers em 2008, a Comissão Europeia apresentou recentemente algumas propostas para melhorar a proteção dos titulares de contas bancárias e dos pequenos investidores.


As propostas destinam-se a criar uma maior transparência e responsabilidade no setor financeiro (bancos, seguradoras e sociedades de investimento), incluindo um novo regulamento europeu que exige aos países-membros a criação de fundos de re-embolso dos depositantes em caso de falências bancárias, existindo sempre uma garantia mínima, que deverá subir dos € 50 mil para os € 100 mil por cada cliente.

Portugal é um dos países que já garante aos depositantes a devolução do seu dinheiro de acordo com as novas propostas, depois de ter subido o montante garantido pelo Fundo de Garantia de Depósitos, dos € 25 mil para os € 100 mil em 2008.

Rapidez no re-embolso

As novas regras trazem, no entanto, um esforço de garantia mais rápida para os depositantes que se veem privados do seu dinheiro por falência das instituições financeiras. Se até agora o prazo de re-embolso do montante depositado ou investido era de três meses, a Comissão Europeia quer que o dinheiro dos clientes seja restituído pelos fundos de garantia nacionais num prazo de uma semana. Em Portugal, este prazo estava já consagrado para os depositantes com valores até € 10 mil, mas quem tivesse aplicado mais de € 10 mil teria de esperar 20 dias úteis para receber o seu capital. O novo prazo, que a Comissão Europeia propõe é de sete dias num valor até € 100 mil.

A mesma proposta prevê também que os bancos contribuam de forma regular para financiar os sistemas, sendo essas contribuições baseadas no nível de risco de cada um. A Comissão quer também alterar os sistemas de indemnização dos investidores, já que atualmente esse sistema apenas é aplicado em proteções contra fraude, irregularidades ou problemas com o sistema de funcionamento e não contra os riscos dos investimentos. O nível de compensação, segundo a proposta europeia, passaria a ser de € 50 mil.

Todas estas propostas estão sujeitas à aprovação pelo Conselho Europeu e ainda pelo Parlamento Europeu.

Em Portugal, existem duas maneiras de salvaguardar os investidores, seja através de um Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) ou através do Sistema de Indemnização aos Investidores (SII). Duas formas de proteção e garantia do dinheiro dos clientes de instituições financeiras, em casos de falência, que são independentes. O SII garante os instrumentos financeiros e o dinheiro destinado expressamente à sua compra. O Fundo de Garantia de Depósitos garante os depósitos em numerário, com exceção dos montantes destinados à aquisição de instrumentos financeiros.

Fundo de Garantia de Depósitos

O Fundo de Garantia de Depósitos financia-se através de contribuições obrigatórias de todas as instituições que estão habilitadas a receber depósitos, com exceção das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo. O Fundo garante o re-embolso da totalidade do valor global dos saldos em dinheiro de cada depositante, desde que esse valor não ultrapasse € 100 mil. Em 2008, o fundo amealhou mais de € 36,7 milhões que resultaram de uma taxa de 0,03% sobre o montante total dos depósitos dos bancos.

Sistema de Indemnização aos Investidores

O Sistema de Indemnização aos Investidores (SII) visa proteger os pequenos investidores, no caso de incapacidade financeira dos intermediários financeiros participantes para re-embolsar ou restituir o dinheiro ou os instrumentos financeiros que lhes pertençam. O SII garante a cobertura dos montantes devidos, aos investidores, por um intermediário financeiro participante no SII que não tenha capacidade financeira para restituir ou re-embolsar os instrumentos financeiros depositados pelos clientes ou geridos por conta destes ou o dinheiro depositado, pelos clientes, junto do intermediário financeiro e destinado expressamente a ser investido em instrumentos financeiros. O SII garante o re-embolso até ao limite de € 25 mil por cada investidor.

Macquarie corta recomendação e avaliação dos bancos portugueses

(Notícia do Jornal de Negócios)
A Macquarie reviu em baixa a recomendação e avaliação atribuída aos três maiores bancos nacionais cotados. Mas continua a considerar o BES "a melhor opção de investimento" na Península Ibérica.


A recomendação atribuída ao BPI e ao Banco Comercial Português (BCP) desceu de “neutral” para “underperform”. Já o Banco Espírito Santo (BES) viu o seu “rating” descer de “outperform” para “neutral”, continuando a ser apontado como “a melhor opção de investimento no nosso universo de cobertura ibérico”.

Também a avaliação destas três instituições foi revista em baixa. O preço-alvo do BCP desceu de 0,70 euros para 0,58 euros, o que significa que a casa de investimento está a avaliar o banco liderado por Santos Ferreira abaixo do seu actual valor. As acções do BCP seguem subir 1,13% para os 0,628 euros, o que face ao novo "target" corresponde a um potencial de descida de 7,64%.

O “target” do banco liderado por Ricardo Salgado desceu de 3,95 euros para 3,85 euros, o que ainda confere às acções potencial de subida face ao actual valor das acções (3,461 euros) e, no caso do BPI, a avaliação caiu de 1,75 euros para 1,50 euros, um valor que também está abaixo da actual cotação em 4,64%.

“Os bancos portugueses enfrentam riscos para o capital nos próximos trimestres. Acreditamos que os riscos soberano, económico e regulatório podem colocar mais pressão mas actuais posições de capital”, refere a nota de investimento assinada por Benjie Creelan-Sandford e Geoff Dawes.

Para os mesmos especialistas, as avaliações podem ser “visualmente atractivas”, mas a incerteza em relação ao capital deverá funcionar como uma “barreira”. A casa de investimento enumera quatro riscos para os bancos nacionais.

O primeiro deles prende-se com o risco soberano, com a Macquarie a sublinhar que os receios em torno da situação orçamental justificaram o “fraco” desempenho dos bancos portugueses. “O risco directo para o capital é limitado, mas os resultados e sentimento estão em risco”, ressalva a mesma fonte.

O segundo risco é económico, uma vez que “a austeridade orçamental pode afectar uma recuperação económica, causando mais stress nos livros de empréstimos”. A casa de investimento sublinha que considera que Portugal está melhor colocado para uma recuperação do que a Espanha.

O terceiro risco está relacionado com o fundo de pensões, pois os desvios do mercado deverão ter um impacto “negativo”.

A regulação é assumida como um quarto risco, pois as propostas de Basileia III podem também potencialmente “desgastar” a posição de capital regulatória dos três bancos.

“Vemos ricos à posição de capital dos bancos portugueses vindos do stress económico, riscos com o fundo de pensões e regulação”, conclui a casa de investimento que aponta o BCP e o BPI como mais expostos aos mesmos.

“Acreditamos que o BES é o melhor colocado”, ressalvam os analistas que, contudo, alertam para os desafios colocados pelos actuais receios em relação ao risco soberano.

Ministros das Finanças da Zona Euro discutem a divulgação dos testes de "stress"

(Notícia do Jornal de Negócios)
O ministros das Finanças europeus discutem hoje a extensão e os detalhes da divulgação dos resultados dos testes de "stress" à banca, que acontecerá mais para o final do mês.


Os ministros das Finanças da Zona Euro, que se encontram hoje em Bruxelas, estão sob pressão para divulgar mais acerca dos resultados dos testes de “stress” feitos à banca. Os resultados dos testes que estão a ser realizados à banca serão divulgados no final do mês, com a finalidade de dar mais credibilidade e transparência ao sistema financeiro europeu.

Os reguladores estão a examinar a solidez de 91 bancos a que forem feitos os testes, com a finalidade de descobrir se estes sobreviveriam às perdas provocadas por perdas potenciais no mercado de obrigações soberanas. Na reunião de hoje de ministros das Finanças em Bruxelas irão discutir qual o detalhe da apresentação dos resultados dos testes.

“Eles [os testes] são um grande passo na direcção certa”, disse o resposável pela estratégia de investimento em divida do Bank of America Merril Lynch, John Wraith à Bloomberg. “Não sabemos alguns dos detalhes de como estão a ser conduzidos os testes, e se alguns precisarão de um ter os seus capitais reforçados, potencialmente numa escala elevada, como será isso levado a cabo”, questionou o especialista.

Crise na Europa põe em xeque retoma da economia global

(Notícia do Diário Económico)
Os EUA reviram em baixa o PIB de 2010 à custa da crise do euro. A China não valoriza o iuan à custa da crise no euro. Este ano, a Europa ameaça o mundo.


Se fosse um jogo de futebol, o comentário apropriado era o tão célebre "bola cá, bola lá". A crise financeira nasceu nos Estados Unidos e atirou a Europa e o resto do mundo para uma recessão sem precedentes. Agora os desequilíbrios estruturais da zona euro atiraram a Europa para uma crise de financiamento, que por sua vez ameaça a recuperação das restantes economias mundiais.

O director da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), Ben Bernanke, já o havia dito: a crise na Europa ia deixar "alguma mossa" na economia americana e, por isso, a Fed reviu em baixa a previsão de crescimento dos EUA para este ano, motivada pela "crise de dívida soberana na Europa, a volatilidade dos mercados e níveis de desemprego elevados", a que se alia ainda um mercado imobiliário que tarda em arrancar. A maior economia mundial vai crescer entre 3 a 3,5% em 2010. "Há um risco de se entrar num ciclo vicioso que pode vir a ser perigoso", comenta Jacques Cailloux, economista-chefe do Royal Bank of Scotland (BRS), sobretudo porque "todos estes problemas voltam a desequilibrar o comércio mundial". Marco Annunziata, do Unicredit concorda e chama a atenção para o impacto psicológico deste ciclo vicioso. "Isto é quase um paradoxo. Apesar da retoma ser muito mais forte nos EUA do que na Europa, a Fed parece agora mais assustada e o BCE cautelosamente mais optimista". O economista diz que o principal problema "virá da procura". É que a recuperação da zona euro "vai depender da procura externa", mas "os outros países também precisam de se reequilibrar" e não serão grande ajuda. Por outro lado, se as economias europeias terão dificuldade em exportar umas para as outras, dificilmente conseguirão direccionar procura para o mercado americano.

quinta-feira, julho 15, 2010

FT: Portugal enfrenta décadas de austeridade e pode sair do euro

(Notícia do SAPO Economia)
Financial Times diz que risco de ruptura no euro é sério e que deve ser criado um mecanismo para sair da união monetária.


"O aspecto mais significativo da crise da zona euro é que o risco de ruptura do bloco já não é igual a zero. A possibilidade de um membro sair [da união monetária] é reconhecida pelos apoiantes do euro e poderá ter ajudado a suster a evolução dos ‘spreads' das obrigações", lê-se num artigo de opinião do FT publicado no "LEX Column".

E uma vez que "Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha - os principais beneficiários do euro - enfrentam décadas de austeridade para conseguirem recuperar os níveis de competitividade perdidos" poderá "chegar o tempo em que algum deles vai decidir que estar no euro já não compensa".

O problema, nota o FT, é que no quadro institucional actual não está previsto qualquer mecanismo formal que permita a um país deixar de usar o euro para regressar à sua divisa original. Esse mecanismo, escreve, "tem de ser inventado" e os políticos, recomenda, "devem estar preparados para esta situação".

O FT aponta ainda o dedo à Grécia, "o país menos integrado da UE" que pode ser o primeiro a sair do euro. A hostilidade de alguns dos seus pares europeus pode mesmo impulsionar a sua retirada. "É o elo mais fraco", sublinha o jornal.

Portugal pode sair do euro?

Esta segunda-feira, o presidente da República respondeu às declarações do Nobel da Economia, Paul Krugman, que disse que a Grécia poderia vir a sair da zona euro, arrastando consigo Portugal e outros países da eurolândia.

"Não acredito que Portugal alguma vez saia da zona euro", disse Cavaco Silva em reacção às declarações de Paul Krugman.

"Eu estudei muito a zona euro, tenho livros publicados sobre a zona euro, eu não acredito que Portugal alguma vez saia da zona euro, nem acredito que a Grécia venha a sair", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, quando questionado sobre as declarações de Paul Krugman, prémio Nobel da Economia.

Numa entrevista publicada no El País, Paul Krugman disse acreditar que "há uma possibilidade plausível de a Grécia ser forçada a sair do euro" e considerou que isso contagiaria todos os outros países da zona euro, com especial incidência para Portugal.

segunda-feira, julho 12, 2010

Berlim tem planos para regular insolvência de países da Zona Euro

(Notícia do Público)
O Governo alemão tem planos para responsabilizar todos os detentores de títulos de dívida pública, caso um país da zona euro deixe de ter condições para satisfazer os seus compromissos, noticiou hoje a revista alemã Der Spiegel.
Um documento elaborado na chancelaria federal, a que aquela revista teve acesso, aponta ainda para a criação de uma organização independente para supervisionar a insolvência de Estados, propondo-se que, se houver graves problemas de endividamento, estes possam prorrogar os prazos de pagamento, ou pagar menos aos credores.


Até agora, o Governo alemão só se tem referido de forma vaga à possibilidade de regular a falência ordenada de um determinado país da zona euro.

Segundo o Der Spiegel, o ministro das finanças, Wolfgang Schaeuble, poderá apresentar as novas propostas já na reunião de hoje do Ecofin, em Bruxelas, que debate a reestruturação financeira da União Europeia, sob a direcção do presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy.

Debate controverso

O debate sobre a insolvência de um país da zona euro tem sido controverso, e tanto a Comissão Europeia como a maioria dos países são contra a reestruturação da dívida da Grécia, por exemplo.

No entanto, muitos especialistas consideram necessário reduzir a dívida pública grega a metade, para que Atenas possa atender aos seus compromissos, já depois de receber as ajudas comunitárias previstas.

As novas propostas de Berlim reveladas pelo Der Spiegel não são claras no que se refere à criação de um Fundo Monetário Europeu, à imagem do Fundo Monetário Internacional (FMI), proposta por Schaeuble.

No entanto, segundo a mesma publicação, faz-se referência expressa a um Clube de Berlim, análogo ao Clube de Paris, que se ocupa da reestruturação das dívidas de países em desenvolvimento, e dos perdões das mesmas dívidas.

domingo, julho 11, 2010

Krugman admite saída de Portugal do Euro

(Notícia do Diário Económico)
O Nobel da Economia acredita que a Grécia vai ser forçada a abandonar a zona euro, arrastando consigo Portugal.
"Não ficaria surpreendido de ver um ou dois países serem forçados a sair do euro. Creio que há uma possibilidade plausível de que a Grécia se veja obrigada a sair [do euro] e esse contágio provocaria sérios problemas em todos países, especialmente em Portugal, e logo depois possivelmente Espanha e Irlanda ficariam enredadas", afirmou Paulo Krugman, em entrevista à imprensa espanhola, citada pelo 'El País'.


Porém, o economista não prevê o colapso da Europa, afirmando que "ficaria surpreendido se a França, a Alemanha ou os países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) não se mantivessem agarrados à moeda única num futuro mais imediato".

O também colunista do The New York Times antecipa ainda um longo período de baixo crescimento da economia mundial sem criação de emprego, tecendo duras críticas à decisão dos países do G20 de sujeitarem-se a objectivos de redução do défice orçamental assentes num modelo de espartilho orçamental.

"Foi algo escandaloso dado que o estado da economia mundial encontra-se muito longe de estar recuperado".

Nesse sentido, o professor da Universidade de Princeton aponta o dedo à Alemanha, criticando a política de austeridade avançada pelo Governo de Angela Merkel.

O Executivo de Berlim "está a adoptar uma posição que não só apenas não é boa para a Alemanha, mas que também é realmente má para a Europa", considera Krugman.

"A Alemanha está realmente a desempenhar um papel destrutivo", afirma. Tudo porque, explica, "parte do problema da zona euro é que há muitas vias de contágio, pelo que a austeridade de um país leva à depressão nas restantes nações".

sexta-feira, julho 09, 2010

Macroeconomicus: 5 000 Visualizações!

Tenho a enorme satisfação de anunciar que o blogue Macroeconomicus ultrapassou as 5 mil visualizações, com mais de dois mil visitantes.

Sendo um blogue especializado e com uma forte componente técnica é de realçar a abrangência de leitores que hoje frequentam regularmente o Macroeconomicus. Temos cerca de 40 leitores muito assíduos, que lêem o blogue numa base praticamente diária e mais de 50 leitores que regressam de quando em vez para se actualizarem com as discussões do blogue, totalizando cerca de cem pessoas que participam regularmente neste forum de reflexão.

Todos vivemos num mundo cheio de pressa e prazos apertados com pouco tempo disponível para a reflexão, o que ainda mais enaltece a participação e leitura regular de tantos interessados.

Parabéns a todos.

Prometo continuar a trabalhar no mesmo sentido!

José Paulo Oliveira

quarta-feira, julho 07, 2010

Risco de nova recessão é uma dor de cabeça para Portugal

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
Se houver recaída mundial na recessão, a reestruturação da dívida portuguesa tornar-se-á premente. O momento incontornável chegará mais cedo, sublinha-nos Ricardo Cabral, professor de Economia da Universidade da Madeira, que já alertara no Expresso para a inevitabilidade de um reescalonamento das dívidas soberanas no grupo de países da zona euro designado por PIGS (acrónimo pejorativo para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).


A recaída mundial na recessão - double-dip, na designação anglo-saxónica agora em voga - acarretará "menores taxas de crescimento nominal e mais elevadas taxas de juro que dificultarão o pagamento da dívida e que, portanto, tornam mais provável uma situação de incumprimento. Aceleram algo que, como defendi antes, é na prática inevitável". No entanto, o economista acautela que, nos tempos que correm, "os mercados são algo imprevisíveis e é difícil antecipar o comportamento do Banco Central Europeu, que se afigura critico na situação em que os PIGS se encontram".

Só a psicologia já molesta

Mesmo sem uma recaída eminente, só o próprio receio dos investidores internacionais em relação a um double-dip pode afectar negativamente a situação nos países mais frágeis, como o nosso, de "duas formas", adianta o professor. Por um lado, as expectativas mais negativas podem afectar o investimento, as exportações e outros indicadores vitais da economia, levando a uma queda da taxa nominal do crescimento económico. Por outro lado, uma maior aversão ao risco nos mercados financeiros internacionais pode gerar um aumento do prémio de risco exigido aos activos financeiros, o que poderá implicar um aumento da taxa de juro nominal sobre a divida pública e privada dos PIGS.

Como se sabe, o nível de endividamento na generalidade das economias desenvolvidas (e, em particular, dos PIGS) está a um nível historicamente elevado. O que torna a situação actual mais frágil em relação a outras situações de risco de double-dip no passado. "Se a taxa de crescimento económico nominal baixar, aumenta naturalmente a dificuldade em gerar rendimento para pagar os juros dessa divida", recorda Ricardo Cabral, que dá um exemplo: "Se a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nominal é de 3% e a taxa de juro a que a dívida é financiada é de 5%, então o peso do serviço da dívida em percentagem do PIB aumentará. Contudo, se a taxa de crescimento do PIB for 5% em termos nominais e a taxa de juro a que essa dívida é financiada é 4%, o peso do serviço da divida em percentagem do PIB diminuirá".

Missão possível?

No caso português o exercício "matemático" está feito. Ricardo Cabral recorda-o: "Portugal, para estabilizar a sua posição líquida de investimento internacional em percentagem do PIB em 2019 ao mesmo nível que a actual, teria de registar uma taxa de crescimento nominal [significa que não é "descontada" a inflação] de cerca de 7,5% e simultaneamente reduzir o défice comercial de 7,7% do PIB em 2009 para 1% do PIB em 2014 e mantê-lo em 1% do PIB o resto da década". Missão possível?

Em suma, se a psicologia recessiva se acentuar entre os investidores internacionais e por contágio nos agentes da economia real, isso levará, por um lado, "a uma redução da taxa de crescimento económico, o que tornará o serviço da dívida (i.e., pagamento dos juros) mais oneroso (em percentagem do PIB) e, por outro, "a uma maior aversão ao risco nos mercados financeiros fazendo com que essa divida seja refinanciada a taxas de juros mais elevadas, tornando o serviço da dívida também mais oneroso em percentagem do PIB".

terça-feira, julho 06, 2010

O BCE a nu

(Artigo de Opinião de Howard Davies publicado no Jornal de Negócios)


A crise na Zona Euro continua longe de estar resolvida. As preocupações dos investidores estão agora concentradas na saúde dos bancos europeus, já que muitos deles têm uma elevada exposição à Grécia e a outros países do sul da Europa com graves problemas orçamentais.

Até agora, os líderes europeus só colocaram gesso nas feridas. Foi criado um fundo de estabilização mas numa base temporária. Foram introduzidos novos acordos para monitorizar os balanços orçamentais dos Estados-membros mas nada pode ser feito face ao volume de dívida pendente. E o Banco Central Europeu (BCE) começou a comprar obrigações governamentais, incluindo da Grécia, a preços muito superiores aos que prevaleceriam no mercado livre.

Esta última medida adoptada pelo BCE levantou uma série de questões por resolver sobre a estrutura do banco e a forma como este toma as suas decisões. Algumas questões que os decisores políticos europeus quiseram esconder estão agora totalmente expostas.

A decisão de comprar, directamente, obrigações gregas não foi unânime. Agora o mundo sabe que Axel Weber, presidente do Bundesbank, votou contra. Foi um voto em 22 mas Weber representa 27% do produto interno bruto (PIB) da Zona Euro, logo não pode ser considerado um membro insignificante. Foi a primeira vez que o presidente do BCE teve que revelar que uma decisão não foi unânime.

Em teoria, sempre soubemos que o BCE poderia, se necessário, tomar decisões com base na regra da maioria. Mas, até agora, esta situação nunca tinha acontecido e não existiam procedimentos para revelar os votos, ao contrário do que acontece na Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e também no Banco de Inglaterra, onde os votos individuais no Comité de Política Monetária são, normalmente, revelados.

O argumento contra a transparência tem sido que, em circunstâncias especiais, a exposição dos votos individuais dos membros do Conselho de Governadores poderia pressionar os representantes dos Estados-membros. Um governador de um país em recessão poderia sentir-se quase obrigado a votar contra um aumento das taxas de juro, ou a favor de um corte, independentemente das condições gerais da Zona Euro.

Mas a falta de clareza sobre os acordos de votação do BCE pode durar para sempre? Nout Wellink do banco central da Holanda afirmou, explicitamente, que um dia será necessária maior transparência à medida que o BCE alcance maior maturidade. A voz divergente de Weber sobre a compra de obrigações gregas aproximou, e muito, esse dia.

Expôs ainda um outro problema essencial. A estrutura de votação no BCE tem muitos defeitos. Em qualquer sistema federal, o equilíbrio deve ser alcançado entre os que estão encarregues de avaliar as condições económicas em toda a zona monetária e os que representam os interesses de determinadas regiões.

Este problema já foi analisado anteriormente, tanto na Fed, como no Bundesbank. No caso da Fed, sete membros do Conselho em Washington têm uma jurisdição federal e 12 presidentes das reservas regionais votam em rotação e apenas o presidente da reserva de Nova Iorque tem um voto permanente. Assim, o rácio entre votos centrais e votos regionais é de 1:0,7. O Bundesbank tem um acordo semelhante com um balanço central/regional de 1:1,1.

O BCE é diferente por algumas boas razões. É a autoridade monetária de uma federação de Estados soberanos. O peso dos membros nacionais individuais do Conselho de Governadores é muito maior. De facto, o rácio de votos federais e nacionais no BCE é de 1:2,5. E, como cada Estado-membro tem um voto, existe um enorme desequilíbrio entre o peso do voto e o peso do PIB de cada país. A Alemanha tem o mesmo peso que Malta.

O BCE analisou estes problemas mas tudo o que foi alcançado (no Tratado de Nice) foi uma modesta rotação de votação entre os membros à medida que a federação cresce. Isto não vai corrigir os desequilíbrios que existem actualmente.

Até agora, este problema tem atraído pouca atenção. Mas a voz dissidente de Weber abriu a possibilidade dos pequenos países poderem votar contra os membros centrais e importantes. É, teoricamente, possível que os seis membros do Conselho Executivo mais a França, Alemanha e Itália, que representam 65% do PIB da Zona Euro, possam perder a votação para uma coligação de pequenos países.

Isto pode ser muito importante nas decisões sobre as taxas de juro. Pode ainda ser relevante para compras de dívida de Estados-membros com problemas. É muito provável que a dívida grega adquirida pelo BCE não valha o que foi pago por ela. Se a Grécia for forçada a reestruturar a sua dívida e impuser um "corte" aos detentores das suas obrigações, o BCE vai registar prejuízos consideráveis. Esses prejuízos vão recair sobre os Estados-membros da Zona Euro em proporção à sua percentagem do PIB da Zona Euro, apesar do votos serem um por país.

Este peculiar acordo representa um risco futuro para a união monetária e económica, a juntar ao risco de políticas orçamentais descoordenadas e à falta de um equivalente europeu ao Fundo Monetário Internacional. Especialmente quando os mercados estão nervosos, como acontece actualmente, qualquer percepção de que as decisões do BCE podem não ter em consideração os interesses de toda a Zona Euro, ou podem levar os principais países a registar prejuízos significativos, pode, por si só, ser destabilizador. Isto aponta para uma clara necessidade de rever os termos do Tratado de Nice, algo que será difícil de fazer por questões políticas. Mas é cada vez mais evidente que a Zona Euro precisa de uma revisão importante se quiser sobreviver. E os acordos de votação do BCE são um elemento que precisa de ser reformado.

segunda-feira, julho 05, 2010

Rogoff acredita na necessidade de resgate da Espanha pelo FMI

(Notícia do Jornal de Negócios)
Mesmo que o Governo espanhol afirme que não há necessidade de o país recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ex-economista chefe do Fundo, Keneth Rogoff, acredita que este acabará por intervir.
Mesmo que o Governo espanhol afirme que não há necessidade de o país recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ex-economista chefe do Fundo, Keneth Rogoff, acredita que este acabará por intervir.


Para Rogoff, o Governo espanhol não é capaz de tomar as medidas necessárias por si mesmo, por mais ideal que isso fosse. A probabilidade de o FMI intervir revela-se então bastante elevada, sendo até vista como a última salvação do país para sair da actual crise. E, caso a Espanha recuse esta ajuda, o resultado será, para Rogoff, desastroso, segundo “Expansión”.

O chefe do FMI entre Agosto de 2001 e Setembro de 2003 afirmou, em declarações ao “Expansión”, que muitos dos ajustes que o Executivo liderado por Zapatero, realizou nas últimas semanas são razoáveis, apesar de chegarem com alguns anos de atraso. E questiona se o Governo estará disposto a assumir o custo político de um cenário de crescimento lento que se espera para o futuro.

O fantasma do resgate da Grécia é quase uma realidade palpável para Rogoff, que acredita que a União Europeia deve estabelecer um limite para a dívida espanhola. Caso contrário, o medo da falência poderá espalhar-se pelos países da Zona Euro.

Não é apenas a Espanha que caminha para o abismo, mas sim todos os países da região. Para Rogoff, todos os países europeus entrarão numa situação de risco até se tomarem decisões. Se a Europa continuar a não intervir e a hesitar como tem feito, não só a Espanha será ameaçada.

sábado, julho 03, 2010

Comprar ações, só no final do segundo semestre

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
O diretor de alocação de ativos da Fidelity International só tem vendido ações nos último semestre. Subida sustentada dos índices só acontecerá em 2011, diz Trevor Greetham.
Apesar de alguns indicadores económicos demonstrarem que a economia mundial está a melhorar, Trevor Greetham não vê mais do que "uma recuperação moderada". Na verdade, o diretor de investimentos da Fidelity International, a maior sociedade gestora do Mundo, antecipa um aumento das dificuldades económicas na segunda metade do ano, o que o fez optar por desfazer-se da maioria das ações que compõem os fundos geridos pela sua equipa.


Para o especialista, devido às dificuldades que começam agora a emergir, no segundo semestre poderão surgir boas oportunidades de compra, mas sem ilusões: rali - subida sustentada dos índices - só em 2011, disse o gestor numa entrevista por videoconferência dada a jornalistas de Hong Kong.

A crise na dívida soberana europeia e o impacto desta na economia mundial é a principal preocupação do diretor de investimentos da Fidelity International.

"Temos uma posição neutra em ações e poderemos vender mais caso venha a existir um rali no curto prazo", disse Greetham, sublinhando que "surgirão boas oportunidades de compra quando as pessoas estiverem em pânico. Vai-se falar muito na possibilidade de uma nova recessão."

Rússia inaugura a primeira central nuclear flutuante

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
A Rússia começou a produzir centrais nucleares flutuantes, destinadas a fornecer electricidade a cidades até 200 mil habitantes ou a indústrias localizadas em zonas com fraca rede eléctrica.

Custou 336 milhões de dólares - cerca de €273 milhões -, foi batizada como "Academia Lomonosov", em honra do cientista que fundou a Universidade de Moscovo, e acabou de sair dos Estaleiros do Báltico em São Petersburgo. Trata-se da primeira central nuclear flutuante russa, capaz de produzir 70 MW de eletricidade.


A Rússia deverá produzir várias centrais nucleares deste tipo, destinadas a fornecer energia elétrica em regiões afastadas de grandes redes de transporte de eletricidade. As pequenas cidades e as indústrias serão os seus principais clientes.

Estas centrais nucleares flutuantes têm capacidade de produção de 300 MW de calor e conseguem dessalinizar 240 mil litros de água por dia.

No sector da energia, considera-se que estas unidades - que dispõem de tecnologia nuclear de nova geração -, são ideais para fornecer energia elétrica em arquipelagos com fracas redes elétricas.