segunda-feira, outubro 08, 2012

Um enorme aumento de impostos? Um erro colossal!

Há momentos em que a gravidade da situação é tal que aconselha a uma reflexão profunda antes de qualquer reacção, ainda que o impulso do momento não acabe por divergir da convicção. Por isso, este comentário vem com alguns dias de atraso face ao anúncio público daquilo a que o Ministro das Finanças chamou “um enorme aumento de impostos”.

Após o recuo do governo na medida da TSU, alicerçado na posição do CDS sobre esta matéria, pensei que tinha ficado claro que, os Portugueses não estavam em condições de aprofundar a austeridade e que o governo tinha compreendido que é fundamental aliviar o esforço fiscal para evitar o total descalabro económico.

Surpreendentemente, o governo optou por aprofundar as medidas de austeridade, valendo-se de um ataque enorme aos rendimentos das famílias. O resultado desta medida será uma enorme quebra no Consumo privado em Portugal, que levará a nova contracção do PIB, levando a uma quebra adicional no investimento das empresas e acima de tudo fará disparar o desemprego para números impensáveis. A esmagadora maioria dos economistas conhece estas consequências. Não ficou claro para mim, se o CDS mudou de opinião em matéria de esforço fiscal, mas se for coerente apenas lhe resta opor-se frontalmente a tal política. Caso contrário será tão culpado como o Ministro das Finanças e o Primeiro-ministro que lhe continua a dar cobertura.

A economia Portuguesa está a colapsar!

Há mais de seis meses atrás comecei a alertar para o perigo de quebra de estrutura na economia (vide http://www.youtube.com/watch?v=XUU9-9JMZrs ), mas até agora dei sempre o benefício da dúvida aos governantes, pois acreditei que não estavam a conseguir compreender o que estava a acontecer. Acreditei que tinha razão antes de tempo e que quando os resultados do desempenho da economia fossem conhecidos haveria lugar a inflexão de política para evitar o desastre.

Os dados da execução orçamental demonstraram claramente que, a economia real estava a ceder e os modelos macroeconómicos seguidos pelo governo iriam falhar rotundamente. Passados estes meses, já existem dados concretos para ninguém poder alegar a menor dúvida sobre o efeito das políticas seguidas. Também não há a menor dúvida do efeito que as medidas agora anunciadas terão: Vamos ficar não só mais pobres (muito mais pobres), mas também vamos acabar ainda mais endividados do que começámos (o que é uma péssima notícia para todos a começar pelos nossos credores).

Nesta conjuntura e sem o menor espaço para dúvida, estas medidas são o maior erro económico que pode ser cometido pelo governo. Não há razão nenhuma para o governo não perceber o que está a acontecer.

A economia Portuguesa está a colapsar!

Então como podemos entender o anúncio de medidas que acelerarão a quebra de estrutura económica e o colapso? Apenas vejo uma razão para este contra-senso de governação: Estamos a ser governados por IMPREPARADOS. Lamentavelmente, Portugal sofre deste mal há demasiados anos. Em tempos tão difíceis, era importante que a qualidade da governação subisse. Afinal, estamos muito longe disso.

Pior. Percebemos agora que, o Ministro das Finanças não tem apenas um estilo próprio a que não estávamos habituados. Mostrou ser INCOMPETENTE. Definitivamente INCOMPETENTE! Com este homem no leme vamos ao fundo. Não é possível atingir o equilíbrio económico em Portugal por esta via, a menos que estejamos preparados para ter uma taxa de desemprego muito acima dos trinta por cento. O colapso da economia significará que centenas de milhares de Portugueses irão perder os empregos nos próximos dois anos. Este número ultrapassará o milhão de desempregados adicionais. Note-se bem, não é passar de um milhão (isso já não demorará, mesmo com malabarismos estatísticos), é um milhão a mais. Este é o desastre onde a obstinação por esta política errada nos levará.

Os nossos credores já perceberam que nós vamos rebentar. Não é do interesse de ninguém que isso aconteça, portanto mesmo nesta situação existe a possibilidade de negociar melhores condições, que nos permitam evitar a quebra irreparável da economia e salvar muitas empresas que seriam viáveis e que serão perdidas. Ainda é possível, mas o tempo escasseia. Não temos margem para errar. Não temos margem para um erro colossal como este.

Esta política tem de ser alterada de imediato. Não há tempo para respirar. Se este governo não for capaz de alterar profundamente a política seguida, adequando-se à realidade da economia, será bom que o Presidente da República tenha a coragem para resolver o assunto. No curto prazo, eleições seriam um folclore que só nos deixaria pior. Infelizmente, a única solução de curto prazo parece-me ser o Presidente da República assumir o leme do país.