terça-feira, novembro 12, 2013

Para melhor compreensão da falta de futuro em Portugal.

Hoje não vos trago previsões macroeconómicas, nem análises ao desastre económico nacional e ao empobrecimento colectivo. Deixo-vos um texto que um antigo aluno me enviou, no âmbito de uma conversa privada, mas que merece uma leitura atenta, pela análise sentida na pele de quem vê o futuro do país comprometido, que é como quem diz o futuro da geração mais qualificada e preparada que Portugal já produziu.

“Infelizmente, concordamos ambos neste sentido. Esta sociedade não tem futuro nos moldes atuais, a curto prazo como referiu e bem, e a longo prazo, infelizmente.

Sinceramente, talvez por ser de uma geração mais nova (1980), sinto-me totalmente descrente e desmoralizado quanto a qualquer situação viável para o meu País, e a cada dia que passa procuro mais intensamente soluções profissionais fora de Portugal, na expetativa de poder trazer valor acrescentado para uma organização que, n.º1 me valorize enquanto profissional que deseja crescer e ser produtivo e n.º2 esteja consciente do valor que pode vir a extrair do meu trabalho para a própria empresa assim como para a sociedade onde se insere. Julgo que eu seja um bom exemplo do que é o sentimento geral de jovens profissionais dentro da minha faixa etária, e que me recordo do Professor dizer em variadas ocasiões: “vão, e já não voltam” (!).

Mas voltando ao futuro deste país, a 3 ou a 30 anos, concordo com a bancarrota. Concordo em assumir a responsabilidade dos erros passados e pensar um plano sustentado de crescimento para os tais 30/40 anos. Tenho é muito medo de quem o desenharia e pior ainda, dos seus executantes.
Infelizmente sabemos que não será esse o caminho, por falta de capacidades humanas a nível emocional, em fazer arder o pouco que resta da nossa casa, para voltar a construir uma nova.
Entraremos como referiu, num longo e mais prolongado definhamento. E não estaremos sós.

Continuando assim, a crise de crédito veio para ficar, na minha opinião. A falta de investimento é global (ex.: EUA têm nível de investimento público ao nível da II Guerra Mundial, pasme-se) e Portugal o que se sabe. A falta de confiança é óbvia. Acabaram os estadistas. O declínio do sector de serviços na minha opinião será igualmente prolongado. E a exportarmos gerações inteiras altamente qualificadas, o gap será cada vez maior.
E voltando à questão demográfica inicial, sinto-me enganado, sempre que vejo os impostos aumentarem, não pelos impostos em si mesmos, mas para sustentar pensões exponenciais. Quem tem 30 anos agora, sabe que descontará cada vez mais, e receberá cada vez menos. Não é muito encorajador este cenário. “

sexta-feira, junho 21, 2013

Brasil: Para compreender a revolta...


A professora Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, de 74 anos, é de Uberlância. Ela escreveu uma carta para a presidente Dilma que foi entregue em mãos. Vale a pena ler. É a voz de quem não se cala e não consente.

BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.

Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.

Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.

É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.

Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do Brasil.

Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição,
enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola.

A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp.

Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação.

Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou?
O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma?
Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!

Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante.

Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais.
Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste.

Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.

Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.

A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.
Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina
de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante.

Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa.
Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente.
Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos.
Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.

Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem
está falando.

Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso.
A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado.
O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo.

Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada.
Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.

Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro.
Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores
de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte
perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.

A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício.

Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro,
a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.

Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político
paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.

A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais.

Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.

Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.
Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.

Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde.
O contraditório é muito saudável.

Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma?
Carinho de presidentA da república do Brasil neste Momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula,
do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino
profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.

Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária.
Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos.
Esta é a jogada. Suja.

A televisão mostra ininterruptamente imagens de Desespero social.
Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!

Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.

Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.

Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012

domingo, janeiro 27, 2013

Memória do Saque - A Crise Argentina e as Semelhanças Inquietantes com Portugal.

Este filme é uma excelente lição de economia e que nos deve fazer pensar nas semelhanças entre o saque Argentino e a inquietante realidade em Portugal.

VII Seminário de Macroeconomia e Teoria e Modelos de Crescimento Económico

O VII Seminário de Macroeconomia e Teoria e Modelos de Crescimento Económico foi um extraordinário exemplo da qualidade do trabalho que vem sendo desenvolvido nestas duas discilplinas entre professores e alunos. Esta é uma metodologia vencedora, numa equipa em que dá gosto trabalhar. Não foi por acaso que a agência de avaliação e acreditação do ensino superior aprovou o curso de Economia da Universidade Lusófona, com a apreciação excelente que fez. Estamos a trabalhar bem e cada vez melhor. Este foi o ano de melhor produção, nestes sete anos desta metodologia, com uma qualidade de trabalhos digna de fazer inveja à concorrência.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

OLAE prevê crescimento do PIB de Moçambique de 9,75% em 2013.


PREVISÕES MACROECONÓMICAS DO OLAE PARA MOÇAMBIQUE – 2013

O Gabinete de Previsão Económica do OLAE – Observatório Lusófono de Actividades Económicas, Centro de Investigação e Prestação de Serviços ligado à Universidade Lusófona, divulga as suas previsões macroeconómicas para Moçambique, para o ano 2013.

O produto crescerá a uma taxa de 9,75 por cento, com aumento das exportações em 11,5% que, quase compensarão a subida das importações em 12%, o que representa um passo muito significativo para as contas externas do país, pois estão a ser dados passos gigantescos para resolver um dos maiores desequilíbrios macroeconómicos do país.

O carvão vai ser o principal responsável pela subida da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Toda a Indústria extractiva, potenciada pelo efeito da produção de carvão viverá um ano histórico de crescimento em que finalmente “levantará voo”. O gás e as areias pesadas são outras áreas em franca expansão que possibilitarão o rápido crescimento do sector charneira da economia, que arrastará tudo o resto atrás de si. Este contributo encontra um pilar sólido na banca e sector financeiro, que podem multiplicar o investimento em todos os outros sectores de suporte.

O rápido crescimento da economia Moçambicana traduz-se também na melhoria do rendimento per capita, que entre 2009 e 2013 cresce praticamente 50 por cento, o que é um dos melhores resultados à escala global.

O Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP 2011-14) beneficia desta conjuntura favorável e reúne condições para tornar-se num caso de estudo internacional, pela melhoria, em qualidade e quantidade, dos serviços públicos de educação, de saúde, de água e saneamento, de estradas e de energia, bem como a promoção do emprego e o aumento da produção e produtividade agrária e pesqueira.
Por outro lado, o IDE (Investimento Directo Estrangeiro) continuará a crescer significativamente, prevendo-se um aumento em 12,5% excluindo os megaprojectos.

O investimento realizado em Moçambique encontra no país condições ideais para penetrar facilmente no mercado regional, pois Moçambique encontra-se localizado numa zona estratégica da SADC (South African Development Community), sendo o PIB da África Austral actualmente nos USD 800 mil milhões reunindo mais de 300 milhões de consumidores.

Apesar deste progresso, continua a ser preocupante que as reservas internacionais líquidas, previsivelmente, revelarem-se insuficientes para cobrir 4 meses de importação de bens e serviços não factoriais, o que obrigará, que também em 2013 o Banco de Moçambique proceda a monitoria permanente dos movimentos financeiros internacionais.

A inflação situar-se-á nos 8% o que obrigará o Banco de Moçambique a uma gestão muito activa da política monetária e cambial para, evitando o ajustamento súbito do valor do Metical, controlar as tendências inflacionistas.


Esta continua a ser a maior preocupação do OLAE com a economia de Moçambique, pois ano após ano, apesar dos resultados apreciáveis obtidos pelo Banco de Moçambique no seu esforço para controlar a inflação, mantem-se um desequilíbrio profundo entre a cotação do Metical e o seu real valor. Este desequilíbrio tem sido possível de gerir apenas através de limitações à mobilidade internacional de capitais, no entanto o aprofundamento da integração económica de Moçambique no panorama da África Austral e das interligações com economias mais avançadas obrigará a uma revisão desta política, o que apenas poderá ser feito num contexto de controlo real da inflação. Ainda não estão reunidas condições para Moçambique permitir a livre circulação de capitais em 2013. A estratégia de “Meticalização” total da economia apenas poderá ter sucesso num contexto de controlo apertado da inflação. O risco de problemas sociais agravados está directamente ligado à pressão inflacionista em especial sobre os preços de bens de primeira necessidade, em especial nas maiores cidades, realçando-se a necessidade de evitar que a economia da região de Maputo desenvolva sintomas de “Doença Holandesa”.

A chegada de milhares de imigrantes, nomeadamente Portugueses, levará a um embaratecimento do trabalho dos técnicos qualificados na região de Maputo, mas esta tendência não conseguirá evitar o aumento dos custos unitários do trabalho qualificado nas outras regiões do país, em especial na Beira, Tete, Pemba e Nampula. No entanto, estes milhares de imigrantes contribuirão também para a aceleração do crescimento do PIB de Moçambique.

A taxa de juro real continuará elevada, prevendo-se que se situe nos 8 por cento, remunerando os capitais investidos no país de forma particularmente atractiva e estando ajustada ao crescimento económico do país e a alguma falta de liquidez que ainda se fará sentir no mercado ao longo de 2013.

Segundo o OLAE, Moçambique é um dos melhores países do mundo para realizar investimento, perspectivando-se elevadíssimas taxas de retorno dos investimentos realizados, ao longo dos próximos anos.
Se a estabilidade política não for afectada, os factores muito positivos como o bom ambiente de negócios, boa governação e existência de recursos naturais crescentemente explorados, que estão a estruturar uma nova economia altamente dinâmica em Moçambique contribuirão decisivamente para o enriquecimento do país, do seu povo e de todos os que aí invistam e trabalhem.

PREVISÕES MACROECONÓMICAS DO OLAE PARA MOÇAMBIQUE – 2013

O Gabinete de Previsão Económica do OLAE – Observatório Lusófono de Actividades Económicas, Centro de Investigação e Prestação de Serviços ligado à Universidade Lusófona, divulga as suas previsões macroeconómicas para Moçambique, para o ano 2013.

O produto crescerá a uma taxa de 9,75 por cento, com aumento das exportações em 11,5% que, quase compensarão a subida das importações em 12%, o que representa um passo muito significativo para as contas externas do país, pois estão a ser dados passos gigantescos para resolver um dos maiores desequilíbrios macroeconómicos do país.

O carvão vai ser o principal responsável pela subida da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Toda a Indústria extractiva, potenciada pelo efeito da produção de carvão viverá um ano histórico de crescimento em que finalmente “levantará voo”. O gás e as areias pesadas são outras áreas em franca expansão que possibilitarão o rápido crescimento do sector charneira da economia, que arrastará tudo o resto atrás de si. Este contributo encontra um pilar sólido na banca e sector financeiro, que podem multiplicar o investimento em todos os outros sectores de suporte.

O rápido crescimento da economia Moçambicana traduz-se também na melhoria do rendimento per capita, que entre 2009 e 2013 cresce praticamente 50 por cento, o que é um dos melhores resultados à escala global.

O Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP 2011-14) beneficia desta conjuntura favorável e reúne condições para tornar-se num caso de estudo internacional, pela melhoria, em qualidade e quantidade, dos serviços públicos de educação, de saúde, de água e saneamento, de estradas e de energia, bem como a promoção do emprego e o aumento da produção e produtividade agrária e pesqueira.
Por outro lado, o IDE (Investimento Directo Estrangeiro) continuará a crescer significativamente, prevendo-se um aumento em 12,5% excluindo os megaprojectos.

O investimento realizado em Moçambique encontra no país condições ideais para penetrar facilmente no mercado regional, pois Moçambique encontra-se localizado numa zona estratégica da SADC (South African Development Community), sendo o PIB da África Austral actualmente nos USD 800 mil milhões reunindo mais de 300 milhões de consumidores.

Apesar deste progresso, continua a ser preocupante que as reservas internacionais líquidas, previsivelmente, revelarem-se insuficientes para cobrir 4 meses de importação de bens e serviços não factoriais, o que obrigará, que também em 2013 o Banco de Moçambique proceda a monitoria permanente dos movimentos financeiros internacionais.

A inflação situar-se-á nos 8% o que obrigará o Banco de Moçambique a uma gestão muito activa da política monetária e cambial para, evitando o ajustamento súbito do valor do Metical, controlar as tendências inflacionistas.


Esta continua a ser a maior preocupação do OLAE com a economia de Moçambique, pois ano após ano, apesar dos resultados apreciáveis obtidos pelo Banco de Moçambique no seu esforço para controlar a inflação, mantem-se um desequilíbrio profundo entre a cotação do Metical e o seu real valor. Este desequilíbrio tem sido possível de gerir apenas através de limitações à mobilidade internacional de capitais, no entanto o aprofundamento da integração económica de Moçambique no panorama da África Austral e das interligações com economias mais avançadas obrigará a uma revisão desta política, o que apenas poderá ser feito num contexto de controlo real da inflação. Ainda não estão reunidas condições para Moçambique permitir a livre circulação de capitais em 2013. A estratégia de “Meticalização” total da economia apenas poderá ter sucesso num contexto de controlo apertado da inflação. O risco de problemas sociais agravados está directamente ligado à pressão inflacionista em especial sobre os preços de bens de primeira necessidade, em especial nas maiores cidades, realçando-se a necessidade de evitar que a economia da região de Maputo desenvolva sintomas de “Doença Holandesa”.

A chegada de milhares de imigrantes, nomeadamente Portugueses, levará a um embaratecimento do trabalho dos técnicos qualificados na região de Maputo, mas esta tendência não conseguirá evitar o aumento dos custos unitários do trabalho qualificado nas outras regiões do país, em especial na Beira, Tete, Pemba e Nampula. No entanto, estes milhares de imigrantes contribuirão também para a aceleração do crescimento do PIB de Moçambique.

A taxa de juro real continuará elevada, prevendo-se que se situe nos 8 por cento, remunerando os capitais investidos no país de forma particularmente atractiva e estando ajustada ao crescimento económico do país e a alguma falta de liquidez que ainda se fará sentir no mercado ao longo de 2013.

Segundo o OLAE, Moçambique é um dos melhores países do mundo para realizar investimento, perspectivando-se elevadíssimas taxas de retorno dos investimentos realizados, ao longo dos próximos anos.
Se a estabilidade política não for afectada, os factores muito positivos como o bom ambiente de negócios, boa governação e existência de recursos naturais crescentemente explorados, que estão a estruturar uma nova economia altamente dinâmica em Moçambique contribuirão decisivamente para o enriquecimento do país, do seu povo e de todos os que aí invistam e trabalhem.

sábado, janeiro 05, 2013

Portugal 2013: O Ano do Orçamento de Estado Absolutamente Irrealista.


Inconstitucional ou não, o Orçamento de Estado para 2013 em Portugal é uma peça do maior irrealismo e apenas funciona como um desejo, infelizmente demasiado afastado da possibilidade de concretização, ou então é mesmo o resultado da impreparação, incompetência, insanidade pura ou humor extraordinário de quem o produziu.

O cenário macroeconómico que serve de base ao documento e às contas e ao seu suposto equilíbrio fundamenta-se em previsões verdadeiramente irrealistas. Todas as entidades credíveis que apresentaram previsões macroeconómicas para Portugal em 2013 construíram cenários bem piores do que o traçado no OE 2013. Vou centrar-me apenas nas previsões da instituição a que pertenço, mas podia referir várias outras entidades nacionais e internacionais. De acordo com as previsões macroeconómicas apresentadas pelo Gabinete de Previsão Económica (GPE) do OLAE – Observatório Lusófono de Actividades Económicas, o PIB Português irá contrair mais de 3 por cento em 2013. O Orçamento prevê uma queda de 1 por cento. Mas vale a pena perceber como o governo chega a este valor irrealista. O Consumo Privado caiu mais de 4% em 2011, mais de 5% em 2012 e agora prevê-se que caia apenas 2,2%, não se percebendo como será aparada esta queda, quando os impostos aumentam, o desemprego aumenta, o rendimento disponível das famílias cai a pique e o crédito está restringido. Como vão os Portugueses consumir estes valores? Parece impossível. É impossível!

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), componente fundamental do Investimento, caiu mais de 11 por cento em 2011, quase 15 por cento em 2012 e agora pasme-se o governo acredita que irá cair apenas mais 4,2%. Ridículo!

Qualquer estudante de Economia do primeiro ano da Universidade Lusófona (e das outras universidades, acredito eu) sabe que o Consumo e o Investimento são as variáveis mais afectadas pela evolução das Expectativas dos Agentes Económicos. Ora alguém acredita nas expectativas positivas dos Portugueses por estes dias? Vão consumir e investir em 2013? E nos anos seguintes?

Neste descalabro, o governo acredita, ou pelo menos colocou isso no OE 2013 que o desemprego vai aumentar apenas cerca de 1 ponto percentual. Pois, pois, no cenário em que o PIB quase não cai. Mas com as previsões que temos o desemprego ultrapassará os 17,5%, na melhor das hipóteses. Isto é, no nosso cenário “optimista”, pois arriscamos uma queda maior.

Consequências desta situação? As contas não vão bater certas!

Daqui a três meses já estaremos outra vez com um enorme, desculpem COLOSSAL, BURACO NAS CONTAS. E será necessário arranjar mais receitas em algum lado.

Pior, apenas pelo efeito da divergência do cenário macroeconómico, estaremos condenados a ter um acréscimo do défice em mais de 4 pontos percentuais (p.p.). Explica-se este valor da seguinte forma: Cada ponto percentual do PIB de diferença leva a uma quebra na receita fiscal de cerca de 0,4 p.p., o que se agrava quando fazemos a conta ao défice, pois não apenas temos um numerador maior (saldo negativo), mas também temos um denominador menor (PIB), pelo que cada quebra de 1 p.p. no PIB representa mais de 1,7 p.p. de acréscimo no défice do OE (em percentagem). Com o cenário macroeconómico apresentado, este efeito supera os 4 p.p. e criará mais um enorme e colossal buraco. Conclusão: Empobrecemos para pagar as dívidas e acabamos mais endividados do que começámos. É obra! Deve ser a este tipo de coisas que se chama DESGOVERNO!

No fundo, uma inconstitucionalidade qualquer que permita distrair os cidadãos e seja arma de arremesso político até serve muito bem como bode expiatório de quem fez uma peça orçamental desfasada da realidade. Já desconfio que o Tribunal Constitucional acabará por fornecer a desculpa ideal para os responsáveis políticos poderem assobiar para o lado e fingirem mais uma vez que não foi culpa deles. A ver vamos, mas lamentavelmente é este tipo de coisas que a política do rectângulo nos habituou…

Já chega! É tempo de mudar de política e atacar a raiz do problema. A tentar obter receitas e cobrando mais impostos até à exaustão dos cidadãos e das empresas as contas já não se equilibram. É fundamental atacar a despesa de uma vez por todas, senão nunca mais saímos desta armadilha. Cuidado! Também não vamos lá com uma Política Orçamental expansionista, pois o multiplicador desses gastos face ao Saldo orçamental é negativo e esse caminho, que alguns políticos de alguma “Esquerda” podem querer vender aos Portugueses e embalá-los nessa doce ilusão, apenas criará mais e mais pobreza. Temos de ir ao fundo do problema duma vez por todas. Não é por este caminho, mas também não resolvemos o problema com demagogia barata. Temos de construir um Estado à medida daquilo que a nossa Economia consegue sustentar e criar condições para termos um Estado eficiente e que ajude a vida dos cidadãos, com solidariedade, mas sem o “Monstro”.

Ou o governo muda de política (e depressa) ou teremos de mudar de governo!

Não há mais margem para falhanços!