quarta-feira, maio 05, 2010

Livros: Investigação e Prática em Economia

Já está à venda o livro Investigação e Prática em Economia que reune contributos da investigação académica efectuada na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.



Pessoalmente, tive o privilégio de ser um dos coordenadores da compilação dos trabalhos de investigação reunidos neste livro, em conjunto com o Professor Doutor Eduardo Sousa Ferreira e a Doutora Maria João Mortágua. Tive ainda a honra e privilégio de ser convidado para escrever o prefácio do livro.

O resumo do livro realça o seguinte:

O processo de Bolonha tem vindo a dinamizar a Universidade tanto no campo da docência como na área da investigação. Corolário desta evolução é, por um lado a qualificação do Ensino e, por outro a contribuição para o avanço da Ciência. O conjunto de trabalhos que compõe esta publicação é uma das manifestações dos consequentes resultados de investigação sistemática e mais intensiva na área da Economia "lato sensu". Estes trabalhos revelam a maior consciência da necessidade da investigação, bemo apoio dado, quer por parte das instituições universitárias quer das governamentais, nomeadamente, neste caso concreto, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que, através do seu financiamento, tornou possível esta publicação.

terça-feira, maio 04, 2010

As tendências actuais do sector imobiliário e o seu contributo para o desenvolvimento do País

Artigo de Opinião









João Lopes

 Hoje em dia, a tendência actual no mercado imobiliário é o aumento da procura pelo arrendamento habitacional e, a um menor nível, a procura crescente nos últimos três anos por hotéis tanto em funcionamento, como em projecto ou de edifícios passíveis de serem reconvertidos em hotéis.


Começando pela hotelaria e tomando como exemplo a cidade de Lisboa, nos próximos 3 anos vão abrir cerca de 30 hotéis no centro de Lisboa. Será que o número de turistas vai aumentar exponencialmente? Sei, por exemplo, que existe um edifício em Lisboa com projecto aprovado para um hotel de 4 estrelas e que tem um hotel à sua esquerda, outro à sua direita e para além destes abriu outro hotel mesmo em frente no mês passado. Com a construção civil parada, este pode ser um dos caminhos para a revitalização desta indústria. Esta situação lembra-me uma frase do filme “Field of Dreams” do Kevin Costner: “If you build it they will come”. Antigamente construíamos imóveis habitacionais na esperança de haver sempre comprador, agora construimos hotéis na esperança de haver mais turistas? Será por causa do novo aeroporto ou do TGV? Estas novas obras públicas vão trazer com certeza mais turistas? Espero que sim para bem de toda a economia portuguesa.

Relativamente ao arrendamento habitacional, e muito devido à dificuldade em se obter um crédito bancário para compra de habitação, hoje em dia os proprietários arrendam imóveis habitacionais com maior facilidade. Existem vários benefícios para os inquilinos que arrendam casa: não têm custos fiscais (IMT, IMI, Imposto de Selo, registos, etc); não têm custos de manutenção nem de condomínio; e não têm necessidade de empatar capitais próprios ou alheios e, assim, sem risco de investimento. Como muitos jovens procuram, actualmente, melhores oportunidades de emprego noutros países, o arrendamento constitui a melhor opção de habitação, pois sendo o activo imobiliário pouco líquido, a sua venda num reduzido espaço de tempo origina normalmente perdas de capital. O único ponto negativo no arrendamento é o facto das rendas serem um custo não recuperável. Aqui entram os FIIAH (Fundos de Investimento Imobiliário de Arrendamento Habitacional) que são fundos de investimento imobiliário que investem um mínimo de 75% em imóveis destinados ao arrendamento habitacional permanente. Estes fundos têm vantagens para os investidores ao nível de isenções fiscais (IRC dos rendimentos, IMI, IMT e Imposto de Selo) e para os arrendatários que passam a deter uma opção de recompra do imóvel que habitam.

Em suma, estas novas tendências do mercado imobiliário demonstram que é necessário uma evolução e uma adaptabilidade contínua por parte dos promotores imobiliários de forma a não terem em carteira activos imobiliários “parados”, os quais não geram rendimentos ou não se conseguem vender.

sábado, maio 01, 2010

Algumas considerações sobre a Grécia selar o destino de Portugal

Artigo de Opinião


Rui Seybert Pinto Ferreira


Como qualquer empresa, também um país vive de um plano de negócios. Um país, tem vendas e mercados, clientes, custos, lucros, prejuízos, amortizações e uma força laboral, que são os seus cidadãos.


Desde 1974, o plano de negócios de Portugal têm sido de recuperar dos choques sistémicos que destruíram imenso valor acumulado, destabilizaram a sociedade e a cadeia de valor produzida em Portugal.

Escrevo, recuperar pois, primeiro, não o foi e, segundo, nada muito auto sustentável foi criado em substituição do que havia.

Depois de um período prolongado de estabilização política e de um empobrecimento via uma inflação alta e desvalorização do Escudo, o que sim foi feito, foi uma transferência maciça de meios financeiros da UE com uma correspondente descida da inflação e dos juros.

Esses fundos foram investidos em infra-estruturas, formação e em financiar o período entre a perda de uma base económica e a criação de outra.

Só que no processo houve exageros como houve exageros noutras economias e por outras razões.

Os exageros foram, por exemplo, um aumento substancial da qualidade de vida à custa de um endividamento do Estado e dos privados para além da sua capacidade de criar riqueza (produtividade); um investimento excessivo em infra-estruturas que não pagam dividendos em efectivo para repagar dívidas; em formação que não é valorizada nem renumerada pelo mercado laboral.

Ora isto é o passado e bem conhecido por muitos.

O que ainda não é muito discutido, é que Portugal desde a criação do Euro e alargamento da UE para o Leste, entrou na fase de viver por si e pelos seus próprios meios.

Assim, Portugal atrai capitais e investimentos com base naquilo que produz e vende. Vive com as receitas e rentabilidade dessas vendas.

Para investir e produzir riqueza é preciso, e faz todo o sentido, pedir dinheiro emprestado. Só que quem pede dinheiro emprestado está a prometer repagar os fundos e os que emprestam estão a apostar na credibilidade do credor em o fazer.

E é esta credibilidade que se evaporou com a crise financeira da Grécia. E é esta falta de credibilidade, que os políticos tanta dificuldade têm em reconhecer. Afinal, eles foram eleitos e são pagos exactamente para dar credibilidade ao país. Credibilidade é liderar com convicção. Ora a falta de credibilidade equivale a uma falha política. Se os políticos reconhecessem a falta de credibilidade do seu país, estariam a passar a si próprios um atestado de incompetência. E os mercados financeiros estão aí mesmo para isso. Os mercados financeiros (câmbio, fluxo de capitais, juros) são uma constante certificação de como está a ser julgada a credibilidade dos políticos do país. Daqui se explica o 'ódio' dos políticos aos mauzões 'especuladores'. São estes que andam com o espelho na mão e forçam os políticos a olharem-se no espelho.

É imperativo que a consciência nacional absorva este conceito da falta da credibilidade.

Não são números, projecções, orçamentos, promessas, nem boas vontades e actos simbólicos que vão ajudar Portugal distanciar-se da crise na Grécia.

São-no actos e decisões que provam a seriedade e a convicção de fazer as coisas certas. Para provar isso, muitas vezes têm que se ir para além do estritamente necessário. Isto porque a credibilidade uma vez perdida ou em dúvida, custa a ser recuperada. Todos nós sabemos que somos desconfiados e a desconfiança custa a ser ultrapassada. Qualquer banqueiro que passa por um ataque de liquidez (fuga dos depósitos) sente bem na pele o que é a sua credibilidade; quanto custa a ganhá-la e quanto depressa se a pode perde-la

Mercados financeiros de países não escapam a estas regras. Isto porque os mercados financeiros são feitos por indivíduos e a mente humana reage aos mesmos estímulos no grande e no pequeno, no abstracto e no prático.

Políticos que manipulam o seu eleitorado vendendo peixe por carne e prometendo que é possível ter o bolo e comê-lo, estão a viver à custa da credibilidade do país. Estamos no momento em que já só saiem umas gotas da fonte da credibilidade.

O que Portugal necessita agora são políticas que voltem a aumentar o nível de credibilidade nos mercados financeiros.

Isto porque está claro que a liquidez que o Estado precisa, não só é para cobrir os gastos correntes, mas também para repagar o que amortiza do passado e têm que ser reembolsado. Ora, como não há dinheiro para o fazer, o que amortiza têm que ser refinanciado e para isso o Estado têm que ser credível.

Credibilidade não se ganha fazendo greves nem financiando projectos megalómanos. Ganha-se cerrando os dentes, lançar-se ao trabalho, viver-se com o que se têm e esperar por ter poupanças para as gastar depois de investir o necessário para manter o seu nível de vida. Este é o modelo alemão.

O Estado muito contribuiria se tivesse a coragem de convencer os seus cidadãos, que a melhor maneira para enriquecer e ganhar credibilidade é, por um lado, taxar o consumo dos cidadãos e limitar a despesa Estatal e, por outro lado, aumentar a receita dos cidadãos promovendo a produçao e a receita.

Muito se pode fazer em Portugal para isto e já.

Desde os anos 80, que o Estado se concentra na redistribuição da receita nacional e não na sua criação. É aqui que os nossos melhores e mais bem conceituados economistas falham. Não tem criatividade, não têm inspiração, não sabem; ou será que não acreditam?

Se Portugal não quer uma solução 'grega', não pode somente dizer que não está tão mal como a Grécia.

Se Portugal afirma que não é um caso 'grego', então como pode argumentar que mais vale esperar, como é que a Alemanha lida com os gregos e depois ir 'de carrinho'?

De cada vez que é aprovado em princípio um novo 'pacote' para a Grécia, a Alemanha exige mais cortes e medidas reestruturantes.

Porquê?

Exactamente porque o que está em causa não são números, mas a credibilidade de viver largos anos com medidas que recuperam a competitividade do país.

Se tivesse credibilidade, a Grécia não tinha nenhum problema em pedir o dobro de Euros à Alemanha. E a Alemanha dava de bom grado.

Portugal faria bem em antecipar-se e ganhar essa credibilidade antes de ter que pedir dinheiro. Não acredito que o dinheiro que venha a ser disponibilizado, seja uma prenda ou emprestado 'de boa vontade'. O financiamento vai doer e doer a sério. Mais, as condições vão ser impostas por terceiros fora de Portugal, sem ter em conta a mente, a cultura nem os interesses dos portugueses. Portugal vai-se sentir injustiçado. Vai haver correntes sociais desmotivadas e desmoralizadas. Em vez dos seus cidadãos remarem todos na mesma direcção e ultrapassarem rapidamente as dificuldades, vai haver contestação e demagogia. O país vai perder e em vez de manter a sua soberania e aproveitar a sua plataforma euromundista, vai-se tornar numa província retrógrada, marginal e abandonada da UE. Basta olhar para alguns estados no centro e sul dos EUA, para ver para aonde Portugal caminha se estiver nas mãos de um centro de redistribuição fiscal.

O que está neste momento em causa, não é a resolução de um problema de curto prazo; não é uma crise de liquidez; não é sermos ou não uma 'Grécia'.

O que está em causa é o que Portugal quer ser. Para querer ser, é preciso ambição, para ter ambição é preciso lutar, para lutar é preciso coragem, para ganhar, é preciso ter credibilidade.

Vamos a isso. Ao trabalho e mostremos que não somos 'gregos'. Portugal iria ser inundado por capital e não vão faltar oportunidades.

A emergência dos BRICS e a diminuição do peso dos G8 é uma oportunidade única e dourada para capitalizar os seus 800 anos de história Euromundista.

Não fiquemos à espera de uma solução 'grega'. Portugal têm que buscar a sua própria solução.

Tem que mostrar que é mais credível do que à Grécia