terça-feira, abril 27, 2010

Uma solução para diminuir o défice público português em cinco anos

Artigo de Opinião


 João Soares

Com as preocupantes estimativas do governo português para o quadriénio 2010-2013 (Programa de Estabilidade e crescimento), tem vindo a ser contrariadas as previsões para níveis inferiores, tanto a plano interno (Banco de Portugal) como no plano externo (FMI). Com a redução da actividade económica em tudo o mundo, e com as previsões de crescimento das economias com que Portugal tem relações comerciais mais relevantes, é uma preocupação para o nosso país. Se há países que vão crescer este ano e no próximo à beira dos dois dígitos, não é relevante para a economia portuguesa, porque são parceiros comerciais de Portugal de pouca relevância, e as suas perfomances económicas evidenciam-se ao nível das suas exportações e não tanto no seu mercado interno.


Em Portugal, as nossas contas públicas, neste momento estão “maneatadas”, porque,

Y = C + I + G + NX

O nosso PIB não tem capacidade de gerar mais riqueza do que além dos 2% anuais (PIB potencial), e é fácil de entender a notação do paragrafo anterior, PIB na óptica da despesa . O consumo interno não tem capacidade para aumentar, por várias razões sócio-económicas, tais como, o desemprego que não para de aumentar e não vai parar de aumentar, enquanto o PIB não crescer acima dos 1,5 % anuais no sentido de criação liquida de empregos, o congelamento dos salários nos próximos anos, em muitos portugueses o rendimento disponível vai ser inferior não pelo o aumento dos impostos em termos nominais, mas sim pela diminuição das deduções fiscais. Mas na minha opinião o consumo dos portugueses, vai ser mais moderado no próximos anos, não só pela crise que não nos quer deixar, independentemente de já não estarmos em recessão técnica, mas sim pela lição que tirámos da crise económico-financeira em termos de reformularmos as expectativas racionais. Não tenho dúvida que vamos ser mais moderados ou obrigados a sê-lo a criar expectativas para os próximos anos, o que vais inevitavelmente influenciar o nosso consumo.

Em relação ao investimento público e privado não vamos ter boas notícias, porque a economia não conseguiu gerar recursos para a sua aplicação, nomeadamente à redução da taxa de poupança nos últimos vinte anos.

Enquanto a economia portuguesa não responder positivamente aos desafios globais, as pessoas são números, mas são mais do que isso, são pessoas, portanto as ajudas por parte do Estado vão continuar, para que não haja maior degradação social no nosso país, e por este motivo, os gastos do Estado não vão diminuir.

Em relação à nossa fórmula do PIB na óptica da despesa, só falta concluir as exportações líquidas, que no nosso caso, é mais importações líquidas. A nossa balança comercial é bastante deficitária, e não vai deixar de ser, independentemente dos nossos melhores resultados relativamente às exportações.

Este retrato da economia portuguesa é negro e grego, mas também não será um bocadinho real ?

Na minha modesta opinião, o défice público português não deveria ser combatido só em relação às duas componentes do Orçamento de Estado (a receita e a despesa), que ainda é uma politica macroeconómica disponível para o Governo português. Para mim, existem mais alternativas técnicas que poderiam resolver o nosso défice público, como diminuir o nosso endividamento externo de uma forma gradual sem que os portugueses tivessem que apertar o cinto. Existe uma relação directa entre a “good governance” e o potencial de crescimento económico de Portugal, que é o combate sério e férreo à corrupção, fraude e evasão fiscal. É verdade que é preciso investimento humano para que esta realidade seja possível, mas mais do que isso, é que haja coragem da parte de quem tenha oportunidade de dirigir Portugal nos próximos anos. Os tribunais, o Procurador Geral da República, o ministério público e a administração fiscal, não precisam de ser perseguidores de outrem, mas sim, serem cumpridores no seu papel institucional e o dever de servir os outros.

Sendo a economia paralela, em Portugal um quarto da riqueza gerada na economia formal, quer dizer que pelo menos 50 % desse valor é combatível com medidas e politicas sérias e não fantasiadas. Entre 30% e 40 % da nossa economia paralela é de origem criminosa, muito dela oriunda de outros países e organizada por teias internacionais, o que dificulta a nossa acção de combate, porque não depende de um só Estado a resolve-lo. Cerca de 10 % da economia informal é residual. Mas aquilo que pudemos combater com toda a energia sem molestar os direitos e garantias dos contribuintes, devemos fazê-lo.

Um país com melhor redistribuição da riqueza, mais equidade entre os seus cidadãos, justiça efectiva e praticada, e quem deve servir não se deve servir, poderá ser um país com mais potencialidades para crescer. Porque não para Portugal !!!!!

terça-feira, abril 20, 2010

Contributos para a discussão em torno da ENERGIA NUCLEAR

Abaixo está a hiperligação para uma apresentação de argumentos em favor da utilização da energia nuclear em Portugal da autoria de Patrick Monteiro de Barros. 
Para fazer o download da apresentação, clique aqui.

domingo, abril 18, 2010

Energias do Futuro

"– o povo – sob a forma de educação, saúde, emprego, a par do estabelecimento de estrutura científico–tecnológica, compatível com o poder nacional. Esses dois pilares – Povo e Tecnologia - serão as bases para edificar um Estado moderno " ver www.energiasportal.com



Mini centrais nucleares para alimentação de 20000 casas

Centrais nucleares menores do que um jardim e capazes dealimentar energéticamente 20000 casas estarão à venda no prazo de cinco anos, dizem cientistas de Los Alamos, o laboratório de Governo U.S. que desenvolveu a primeira bomba atómica.


Os reactores de miniatura será selado de fábrica, não conter nenhum material aproveitável para armas, pois têm sem peças móveis e será quase impossível roubar porque eles serão com envolvidas por betão e enterrados subterrâneo.

O Governo dos EUA licenciou a tecnologia Hyperion, uma empresa baseada em Nova Iorque que disse na semana passada, que teve suas primeiros encomendas firmes e planos para iniciar a produção de massa dentro de cinco anos. "Nossa meta é gerar electricidade para 10 centavos uma quilowatt-hora em qualquer lugar do mundo," disse John Deal, chefe executivo da Hyperion. ' Irão custar aproximadamente US $ 25 m [UKL 16 m] cada. Para uma Comunidade com 10000 famílias, que é um preço muito acessível US $ 2500 por home. '

Negócio alega ter mais de 100 ordens firmes, em grande parte das indústrias petróleo e electricidade, mas diz que a empresa também é alvo os países em desenvolvimento e comunidades isoladas. 'É a tecnologia leapfrog,', disse.

A empresa planeja configurar três fábricas para produzir 4000 plantas entre 2013 e 2023. "Já temos um pipeline para 100 reactores, e aproveitamos nosso tempo a ferramenta para mass-produce este reactor".

O primeiro confirmou a ordem veio de tes que, uma empresa de infra-estrutura checo especializadas e centrais de água. ' Eles ordenou seis unidades e um adicional de doze. Temos a certeza muito sua capacidade de compra, "disse o negócio. A primeira delas, disse ele, poderia ser instalada na Roménia. ' Agora temos uma lista de espera de seis anos. Estamos em conversações com os desenvolvedores nas Ilhas Cayman, Panamá e Bahamas. '

Os reactores, apenas poucos metros de diâmetro, serão entregue na parte de trás de um camião para ser enterrado subterrâneo. Eles devem ser reabastecidos cada 7 a 10 anos. Porque o reactor baseia-se em um projeto de 50 anos de idade revelou-se seguro para os alunos a usar, alguns países são esperados de objeto para plantas no seu território.

In http://energias-futuras.blogspot.com/

Macroeconomicus: Mais de mil visitantes e duas mil e quinhentas páginas vistas

É com a maior satisfação que informo que, ultrapassámos os mil visitantes, com mais de duas mil e quinhentas páginas vistas. Este é um sinal claro do interesse que o Macroeconomicus despertou e da qualidade dos comentários dos vários leitores e intervenientes. As estatísticas mostram que, cerca de 30 leitores vêem o blogue todos os dias e cerca de outros 40 lêem o blogue ocasionalmente, mas com alguma frequência. Cumulativamente, temos a satisfação de observar que a tendência é de crescimento e que atingimos picos sempre que apresentamos novos artigos de opinião ou de investigação.
Este sucesso, em tão curto espaço de tempo, aumenta a nossa responsabilidade de contribuirmos para a discussão franca e aberta sobre a economia. Acredito que, na comunidade de leitores do Macroeconomicus temos a massa crítica necessária para darmos ideias, sugestões e pontos de vista que ajudem o país e o mundo.

Continuemos a trabalhar todos os dias para a construção de um mundo melhor.

Obrigado a todos que contribuiram. Parabéns a todos aqueles que sentem este blogue como o seu espaço.

José Paulo Oliveira

sábado, abril 10, 2010

Brasil: Lula da Silva defenderá em Washington direito legítimo ao uso da energia nuclear para fins pacíficos

(Notícia do SAPO / LUSA)

Brasília, 10 abr (Lusa) - O presidente brasileiro Lula da Silva defenderá na cimeira sobre segurança nuclear, em Washington, o legítimo direito ao uso da energia nuclear para fins pacíficos, informou o porta-voz presidencial.

Segundo Marcelo Baumbach, a "preocupação excessiva" com o terrorismo nuclear pode prejudicar o uso pacífico da energia atómica, como é o caso do programa nuclear brasileiro.

"O Brasil acredita que a maneira mais eficaz de afastar os riscos decorrentes do uso de explosivos nucleares por agentes não-estatais é a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares", acrescentou o porta-voz.

"Os mercados vão cair, não é possível prolongar a ficção"

(Publicado no EXPRESSO Online)
Para o homem que escreveu "O Crash de 2010", este seria o ano do regresso às imagens de profunda depressão equiparáveis às dos anos trinta do século XX. Agora, Santiago Niño Becerra acredita que a realidade está ainda pior e que as melhorias nos mercados financeiros são mera ficção.

Se saír da crise financeira dependesse das bolsas mundiais, o último ano tinha sido muito favorável. As acções norte-americanas subiram 46%, as europeias cresceram 48% e até as portuguesas recuperaram 36% do valor atingido no final de Março de 2009. Contudo, são os números do desemprego que contrastam com as melhorias financeiras. Na Zona Euro, a taxa de desemprego subiu dos 9,1% para os actuais 10% enquanto nos Estados Unidos o rácio de desempregados cresceu dos 8,9% em Abril de 2009 para os 9,7% que se verificavam agora em Março de 2010.


Há quem acredite que desemprego elevado é apenas um dos males que vão tomar a economia. Santiago Niño Becerra , catedrático de Estrutura Económica da universidade Ramon Llull em Barcelona e autor do livro "O Crash de 2010", é bem mais pessimista que a maioria dos organismos internacionais e os seus avisos esbarram com os anseios de investidores. "A crise, a verdadeira crise, quando rebentar, em meados de 2010 será tremenda, paralisante, uma autêntica queda a pique", lê-se no epílogo da obra do académico espanhol.

Agora, não é mais animador o cenário traçado por Niño Becerra para quem procura oportunidades no mercado de capitais. Em resposta às perguntas do Dinheiro, o autor acredita que ainda há muito caminho para as bolsas caírem e indica que a China está envolta em duas bolhas, financeira e imobiliária.

P: No final do seu livro "O Crash de 2010", prevê que a deflação, depressão e a verdadeira crise serão sentidas em 2010. Estamos mais perto desse cenário ou estamos a salvo agora?
R: A realidade permanece a mesma, está realmente pior, penso eu. Quando escrevi o livro, os problemas financeiros dos PIIGS [Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha] não pareciam tão perto. Acho que a economia mundial está a viver de forma assistida, como numa unidade de cuidados intensivos, à base de incentivos, garantias e promessas, e que muitas empresas estão a produzir para renovar inventários, mas o peso da dívida mantém-se e as possibilidades de ser paga são cada vez menores.

P: Depois de um terrível ano de 2008, os mercados financeiros, especialmente o mercado accionista, recuperaram. Pensa que isto é apenas uma brisa passageira ou julga que os riscos de colapso continuam?
R: Os mercados recuperaram porque os fizeram recuperar. Nada na economia real justifica estas subidas nas cotações. Por um lado, foi muito fácil para as instituições financeiras ir ao BCE [Banco Central Europeu] buscar fundos a 1% e adquirir mais dívida que rendia muito mais. Por outro, as expectativas criadas sobre a América Latina mudaram-se para a Europa sob a forma de aumento dos preços. Além disso, por não existirem alternativas certas, criaram-se expectativas fictícias. Os mercados, acredito, vão cair, pois é evidente que não é possível continuar a prolongar esta ficção.

P: Ainda acredita, como diz no seu livro, que as economias emergentes como China, Índia e os países da América Latina e África, serão os mais afectados pela crise de 2010? Quais são as suas previsões para estas regiões?
R: Sim, sem dúvida. A China está imersa numa dupla bolha financeira e imobiliária gigantesca, além disso, tem uma bomba-relógio: 1,3 biliões de dólares de dívida ligados a um modelo lento, pesado e corrupto. Na Índia, acho que há áreas com potencial, embora, tal como a China, depende fortemente do exterior, como a América Latina. África tem apenas commodities, nada mais, o que é extensível à América Latina. Por exemplo, a Bolívia. Se retirar o lítio e o gás, o que resta?

P: O ouro estabeleceu um recorde máximo em dólares, o petróleo tem estado a subir e algumas outras matérias-primas estão a ganhar terreno. Pensa que o pior para as commodities já passou, depois das quedas de 2008?
R: O ouro, excepto o que tem uso industrial, não é uma commodity, é um bem para especular. As cotações das commodities baseiam-se em dois parâmetros: o seu consumo e a especulação. O segundo foi manipulado, o primeiro tende a descer, para recuperar a partir de 2013. Mas um maior consumo vai juntar-se com a escassez, pelo que é expectável uma subida muito forte dos preços das commodities no médio prazo.



P: Se usássemos o seu livro com guião para o rumo da economia, deveríamos estar agora a entrar numa fase em que a crise parece inevitável, seguida de escassez de bens energéticos como o petróleo e o gás. Do que tem visto, o rumo está a ser seguido?
R: Penso que podem estabelecer-se regulações sobre a disponibilidade das matérias-primas, principalmente do petróleo.

P: Um dos sectores que parece ter sido poupado pela turbulência é o da biotecnologia. Este será um sector-chave no futuro?
R: Ainda não somos capazes de imaginar o progresso que a biotecnologia vai ter no futuro, não só no que diz respeito à medicina, mas, na indústria e na agricultura, e combinado com a nanotecnologia. Além disso, quando a crise estalar com toda a violência, os bloqueios éticos que existem actualmente desaparecerão, o que irá incentivar ainda mais o seu desenvolvimento.

P: Pensa que as questões ambientais e as alterações climáticas serão postas de parte em alguma altura? Países como Portugal estão a investir e a tentar incentivar o uso de carros eléctricos. Medidas como esta estão ameaçadas quando a crise se agravar, como escreve no seu livro?
R: O que entendo que será a mudança sistémica que virá com a crise será a adopção de uma postura baseada na produtividade e eficiência, sendo que os desenvolvimentos que se produzirem virão desse lado. O carro eléctrico, por exemplo, não resolve o problema do desperdício de recursos: um automóvel é um bem que está subutilizado. Usado por 1,1 pessoas por diadurante não mais de duas horas, é absurda a quantidade de aço, vidro, lubrificantes, têxtil e energia empregados na construção desse mesmo carro que se são subutilizados. O modelo baseado no transporte individual não é eficiente, independentemente de se mover a gasolina ou energia eléctrica. Penso que isto deve alterar-se. É dizer: vamos fazer um modelo de comunicação baseado na combinação das infraestruturas comuns de telecomunicações e o transporte colectivo. Em todos os âmbitos da economia.

sexta-feira, abril 09, 2010

Bulgária admite que mentiu para tentar entrar no euro

(Notícia do Diário Económico)
Foram encontradas irregularidades na candidatura da Bulgária à zona euro. A revisão do défice depois da descoberta ascende a 3,7%, o maior da última década.


À semelhança da Grécia, a Bulgária cometeu irregularidades na apresentação das contas públicas. A diferença é que enquanto a Grécia já se encontrava na zona euro, o objectivo da Bulgária era conseguir adoptar a moeda única europeia.

O Governo, que tinha apresentado um défice de 0,8% para 2009, foi obrigado a rever as contas e apresentou agora um saldo negativo de 3,7% do PIB, o maior da última década. É que o executivo búlgaro decidiu não contabilizar algumas das obras públicas efectuadas durante os dois anos anteriores a 2009.

As irregularidades foram admitidas hoje pelo ministro das Finanças e pelo Primeiro-Ministro búlgaros numa conferência de imprensa em Sofia. "Nós, de facto, mentimos aos nossos colegas europeus sobre estarmos preparados para entrar na zona euro, para que não dessem conta desta armadilha", admitiu o primeiro-ministro Boiko Borissov, citado pela Blomberg.

Esta notícia pode, à semelhança do que aconteceu com a Grécia, aumentar a desconfiança dos investidores nos países e na economia da União Europeia.

terça-feira, abril 06, 2010

A FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS E A RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS ECONÓMICAS SEGUIDAS PELOS DIVERSOS GOVERNOS

Artigo de Opinião














Rui Manuel Silva

Nos dias actuais, nos quais o mundo está atravessando a sua pior crise económica em décadas, tudo o que acontece parece estar ligado à depressão económica global. Qualquer acontecimento de carácter negativo é apresentado como produto do grande colapso dos sistemas financeiros e do mercado de capitais dos países mais ricos. São ressuscitadas, ainda, todo tipo de teorias explicando o que está acontecendo actualmente como inerente aos processos das economias de mercado.


Conforme essas teorias, os referidos processos são instáveis por natureza, submetendo-nos a períodos de destruição de riqueza, onde muitos terminam arcando com as despesas dos resultados que muito poucos fruíram.

A Europa é o berço das instituições modernas. Talvez por isso seja o continente que obtém a maior média relativa, apesar do terrível retrocesso experimentado no século XX devido às guerras e à existência de governos totalitários.

O fim das guerras e as derrotas dos governos referidos parecem ter deixado atrás essas escuras décadas, o que permitiu à Europa voltar a ocupar uma posição de privilégio, embora não isenta de problemas e de melhoras necessárias.

Os países de tradição escandinava, germânica ou anglo-saxónica ocupam os primeiros lugares na região e no mundo. Os países latinos ocupam posições mais baixas, por terem passado a experimentar a concorrência de alguns dos países que pertenceram à extinta União Soviética.

A evolução dos sistemas produtivos aconteceu, na 2ª metade dos anos 70, com a intensificação da concorrência e com um novo meio evolutivo que conduziu à emergência de novas competências. Passou-se de uma orientação para a produção, para uma orientação para o mercado, de uma cultura de profissão para uma cultura de gestão, do trabalho individual para o trabalho em equipa e do curto prazo para o longo prazo.

Em Portugal na segunda metade dos anos 90 já com o Governo liderado pelo Eng.º António Guterres e num período em que se afirmam novas orientações políticas no espaço Europeu, acentua-se a preocupação da população adulta, bem como as fragilidades das redes públicas de educação e formação. Foi lançada a Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos (ANEFA) na dependência dos Ministérios da Educação e do Trabalho e Solidariedade.

Apesar destes condicionalismos a ANEFA ficou ligada, no curto período da sua existência, a iniciativas inovadoras, como o lançamento dos cursos de Educação e Formação de Adultos e à criação do Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.

Este esforço inovador foi travado em 2002, com novo Governo a ANEFA é extinta e as suas valências são integradas na criada Direcção Geral de Formação Vocacional, que se traduziu num recuo aos avanços operados, uma vez mais foi protelado o desenvolvimento de um sistema consolidado de educação e formação de adultos.

Com o novo Governo em 2005, e com o lançamento do programa Novas Oportunidades veio trazer uma nova dimensão a todos aqueles que pretendem evoluir e reaprender a estar num mercado mais competitivo e inovador.

Vejamos porque a qualificação é chave para mais crescimento económico, mais emprego e mais coesão social, mais um ano de escolaridade contribui para aumentar a taxa de crescimento anual do PIB entre 0,3 e 0,5pontos percentuais (OCDE, Education at a Glance, 2005).

A qualificação é chave para mais crescimento económico, mais emprego e mais coesão social:
MELHORES SALÁRIOS

Segundo a OCDE Portugal é um dos países em que ter educação é mais compensador – um trabalhador sem o ensino secundário ganha, em média, menos 40% do que um trabalhador que tenha obtido essa escolaridade (OCDE, Education at a Glance, 2004).

MAIS EMPREGO

Mais 1 ano de escolaridade está associado a um aumento entre 1,1 e 1,7 pontos percentuais nas taxas de actividade e emprego (OCDE, Education at a Glance, 2004).

Temos que recuperar, com rapidez, um pesado atraso temos hoje a trabalhar cerca de meio milhão de jovens entre os 18 e os 24 anos (45%) sem o ensino secundário completo, as taxas de retenção e desistência no ensino básico e secundário são ainda de 13% e 33,7%, respectivamente (Fonte: GIASE).

O número médio de anos de escolarização da população adulta em Portugal é de 8,2, enquanto a média dos países da OCDE se situa nos 12 anos (OCDE, Education at a Glance, 2005), apenas cerca 20% da população adulta completou o ensino secundário (OCDE, Education at a Glance, 2005), 2.500.000 activos não completaram a actual escolaridade obrigatória (INE).

A realidade pode significar que estamos a assistir a uma nova forma de socialmente se encarar a relação entre a escola, a formação e o trabalho, está-se a construir como um dos meios essenciais de limitar os problemas crónicos do insucesso e do abandono escolar no ensino secundário português.

Mas também a preparar e a melhorar as qualificações de milhões de portugueses que aderiram a estes programas, no sentido de uma nova realidade de mercado e dos novos desafios no mercado de trabalho em Portugal.

As políticas públicas podem contribuir desta forma para a gestão estratégica, que pressupõe a tomada de decisões fundamentais e apenas sobrevivem as organizações que se adaptam à mudança, a importância da formação e da educação assumem assim uma capital importância nas organizações.

Portugal: Ter uma licenciatura vale €763 por mês

(Notícia do EXPRESSO)
Um estudo publicado no Boletim Económico do Banco de Portugal revela que os licenciados têm salários em média de 1625 euros por mês, enquanto os trabalhadores com o 12º ano se ficam pelos 862 euros. Os autores avisam que agravar impostos sobre a educação pode custar caro no futuro.
Talvez para não assustar os leitores de imediato com as más notícias, isto é, o corte nas previsões de crescimento, o Banco de Portugal abriu o seu Boletim Económico de Primavera com um artigo sobre o retorno do investimento em educação. O trabalho "O Investimento em Educação em Portugal: Retornos e Heterogeneidade", dos economistas Nuno Alves, Mário Centeno e Álvaro Novo, é proposto como tema de discussão pela instituição liderada por Vítor Constâncio, curiosamente numa altura em que o Governo se prepara para limitar os benefícios fiscais, entre os quais as despesas com educação.


As conclusões do estudo são claras. Não apenas a economia beneficia em termos de potencial de crescimento com o facto de ter trabalhadores mais qualificados, como estes também tiram partido no salário que levam mensalmente para casa. Em média, de acordo com dados de 2006, um licenciado recebe 1625 euros por mês de salário base, ou seja, 763 euros acima dos 862 que recebe um trabalhador com o 12º ano. E é um valor muito acima dos 588 auferidos em média por quem tem quatro ou menos anos de escolaridade.

Desde 1982, foram os portugueses mais qualificados a ter maiores aumentos salariais reais. Pelo contrário, as pessoas com 6 ou 9 anos de escolaridade perderam, em média, 20 e 50 euros mensais. No fundo da tabela, para quem tem 4 ou menos anos passados nos bancos da escola, houve um aumento que os autores concluem estar relacionado com o salário mínimo nacional.

Este prémio da licenciatura face aos trabalhadores com o 12º ano não é, no entanto, homogéneo entre profissões e sectores de actividades e pode ir dos 50% até valores acima dos 100%.

Famílias são afectadas

O estudo analisa ainda também o retorno da educação nos rendimentos familiares a partir do que os autores chamam o trabalhador representativo da família. Enquanto uma família com uma escolaridade até ao quarto ano do ensino básico tem um salário de apenas dois terços da média nacional, quem tirou um curso superior ganha 2,34 vezes a média nacional.

E a diferença entre os níveis de educação são significativas. Do 12º ano para o ensino superior, o salário mensal líquido quase duplica. Esta análise já inclui também o sector público uma vez que parte de estatísticas do INE, ao contrário da individual que partia de dados dos quadros de pessoal da Segurança Social que só têm informação do sector privado.

O retorno do ensino superior, quando se inclui o Estado, é agravado, por um lado, pelo facto de a Administração Pública ter níveis de remunerações hierarquizadas de acordo com a formação do trabalhador e, por outro, haver profissões que estão entre as mais bem pagas onde, naturalmente, só têm acesso licenciados, como os juízes, os professores universitários ou os médicos.

Os autores rematam o artigo lembrando que a educação deve ser subsidiada pelo Estado porque os benefícios não são apenas individuais e que todos os países o fazem. Deixam, por isso, um aviso que o Governo deve ter em atenção: "Políticas que aumentem o custo da educação através dos impostos, podem levar a maiores receitas fiscais no curto prazo, mas fá-lo-ão com o custo, a médio e longo prazo, de níveis mais baixos de educação e, consequentemente, de um menor crescimento económico".

segunda-feira, abril 05, 2010

Greenspan: Economia está "a ganhar folêgo"

(Notícia do Diário Económico)

Para o antigo presidente da Reserva Federal os riscos de se interromper a retoma "caíram significativamente".


"[A economia] está a começar a ganhar fôlego mas ainda há um longo caminho a percorrer", disse o antecessor de Ben Bernanke em entrevista ao programa "This Week", na estação televisiva ABC.

O antigo presidente da FED disse que as hipóteses de a economia voltar a cair depois do início da recuperação da pior recessão desde os anos 30 "caíram significativamente nos últimos dois meses".

Para além de a criação de empregos ter crescido em Março para o valor mais alto desde há três anos, a economia também beneficiou de novas encomendas feitas pelas empresas, acrescentou Greenspan.

A retoma da economia, no entanto, enfrenta alguns perigos. O mercado imobiliário "ainda está deprimido", acrescentou o entrevistado, sublinhando que, ainda assim, "se houvesse efeitos secundários, eles já teriam surgido".

Na entrevista, Greenspan respondeu também a um artigo publicado hoje no jornal "New York Times" por Michael Burry, no qual o investidor acusa o antigo presidente da FED de não ter previsto a crise financeira decorrente do colapso do mercado de empréstimos de alto risco.

Greenspan considerou que Burry faz parte de um "grupo extremamente pequeno" de economistas e investidores "excepcionalmente habilidosos" nas previsões, considerando que são uma "ilusão estatística".

Strauss-Kahn: Economia global não está livre de perigo.

(Notícia do Diário Económico)

O director-geral do FMI disse ontem que a economia mundial ainda não está “fora de perigo” apesar da recuperação mais rápida do que o previsto que se tem sentido em algumas economias.


Apesar de se registar uma recuperação a nível global "antes do esperado, o consumo privado não é suficientemente forte para assinalar o fim da recessão prolongada que tem sido vivida pela economia mundial", disse Dominique Strauss-Kahn , citado pela agência Reuters, na Jordânia.

Falando aos jornalistas, o director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) acrescentou que é possível ver o regresso do crescimento "em quase toda a parte" mas também "em quase todo o lugar os números do crescimento estão relacionados com o apoio público" enquanto o consumo privado se mantém "insuficientemente forte". "Enquanto o consumo privado não se tornar sustentável para gerar crescimento, será difícil dizer que a crise acabou", salientou Strauss-Kahn.
As palavras do director-geral do FMI são sustentadas pelas previsões do Fundo que reviu em alta as estimativas em Janeiro, prevendo um crescimento de 3,9% da economia global este ano, contra os 3,1%, previstos em Outubro. Strauss-Kahn confirma que, de facto, "a retoma está a chegar mais cedo do que o esperado". Mas deixa o recado: "Não estamos fora de perigo e é preciso ter cuidado", concluiu.

sexta-feira, abril 02, 2010

Prémio Nobel propõe Banco para a Inovação

(Notícia do EXPRESSO)
O Prémio Nobel Edmund Phelps e o estratego financeiro Leo Tilman avançam com a ideia de um banco para o fomento da inovação nos Estados Unidos.

A inovação requer uma iniciativa financeira arrojada. Apoiada pelo Estado e mobilizando entidades de investimento interessadas no longo prazo. O sistema financeiro actual - e a banca em particular - não está focalizado nesta necessidade.


A solução é a criação de um banco para a Inovação, um First National Bank of Innovation, no caso dos Estados Unidos, segundo a proposta do Prémio Nobel Edmund Phelps, professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e do estratego financeiro Leo Tilman, presidente da L.M. Tilman & Co, uma firma financeira nova-iorquina, autor do livro com o título sugestivo "Financial Darwinism".

No caso americano, tratar-se-ia de uma entidade empresarial patrocinada pelo Estado envolvendo uma rede de bancos merchant apostados em investimentos de longo prazo. Um braço financeiro especializado dedicar-se-ia a captar fundos dos mercados internacionais a taxas de juro atractivas. Este banco destinar-se-ia exclusivamente a financiar projectos empreendedores, investindo ou emprestando o capital necessário numa pluralidade de projectos e regiões. Apesar da ligação ao Estado, o Banco deveria estar "blindado" contra as pressões políticas e dos lóbis.

Distorção do sistema financeiro actual:

Phelps e Tilman criticam o facto dos economistas e políticos terem concentrado a sua atenção, durante esta crise, no fomento do crescimento a partir dos incentivos a determinadas áreas da moda, como as energias renováveis, os negócios em torno das mudanças climáticas e da saúde. Essa focalização do investimento de iniciativa pública ou do direccionamento de benefícios orçamentais perde de vista o facto de que o crescimento económico brota da multiplicidade de iniciativas de empreendedores e da diversidade dos interesses dos consumidores bem como do pluralismo do faro dos investidores.

O problema actual é que o sistema financeiro está enviesado para uma lógica de maximização de rendas financeiras através da focalização na alavancagem, nos novos veículos financeiros, nas práticas de trading de alta frequência ou proprietárias, em engenharia financeira que não se dirige para o sector produtivo, e muito menos para os projectos inovadores. "Na próxima década, a desadequação, o desalinhamento, entre esta dinâmica da financeirização e as necessidades de inovação do tecido empresarial apenas será cada vez mais chocante", diz-nos Leo Tilman, numa entrevista que pode ler no final do artigo.

Não só os especialistas financeiros estão virados para "outro lado", para uma lógica de procura de rendas financeiras rápidas, bem como os gestores empresariais estão enredados no curto prazo e na tradicional maximização dos rendimentos dos accionistas e dos seus próprios benefícios variáveis.

Acresce que o capital de risco americano - designado no original como venture capital - está em queda livre desde a derrocada do Nasdaq em Março de 2000: de 100 biliões de dólares em 2000 passou para 18 biliões em 2009. As entradas em bolsa apoiadas pelo capital de risco americano caíram de mais de 260 nos anos de 1996, 1999 e 2000 para 6 em 2008 e 12 em 2009, segundo o Financial Times (10 de Março de 2010).