sexta-feira, junho 18, 2010

Espanha recebe visita de responsável do FMI perante rumores sobre a situação do país

(Notícia do Jornal SOL)
O primeiro-ministro espanhol e o director do FMI reúnem-se sexta-feira em Madrid, no que ambos classificam como uma normal reunião de trabalho, mas que pelo ‘timing’ está a alimentar rumores sobre a situação económica de Espanha.

Nos últimos dias vários jornais europeus têm vindo a referir-se à possibilidade de que a UE esteja a estudar um plano de resgate para Espanha, algo já repetidamente negado por Madrid, Bruxelas e Berlim.


O próprio Dominique Strauss-Khan, responsável do FMI, assegurou que a visita a Madrid é de trabalho e que o facto de visitar países não significa que haja acções previstas para esses países.

Independentemente da veracidade ou não dos rumores, os mercados continuam a penalizar as finanças espanholas, tendo voltado, nesta semana, a aumentar a pressão sobre a dívida pública.

Hoje, por exemplo, os títulos a 10 anos atingiram hoje um dos níveis mais altos em oito anos: Madrid colocou hoje três mil milhões de euros em obrigações a 10 anos, a uma taxa média ponderada de 4,911 por cento, quase mais um ponto que a 20 de Maio quando a taxa média foi de 4,045 por cento.

Espanha tem um défice público de 11,2 por cento do Produto Interno Bruto, que espera diminuir para 9,3 por cento este ano, sendo que a dívida pública deverá ser este ano de 64,9 por cento do PIB.

Um dos principais problemas do país reside no sistema financeiro. O próprio governo admitiu problemas no mercado interbancário, mas não o suficiente para recorrer a qualquer fundo de emergência internacional.

Fontes do Executivo espanhol ouvidas pela Lusa insistem que tanto da parte da Comissão Europeia como do próprio FMI há avaliações positivas sobre as medidas tomadas pelo Governo para contar o défice.

Queixam-se de «rumores especulativos» que ocorrem apesar dessas avaliações positivas e até de alguns sinais de retoma da economia, como é o caso do desemprego, que tem vindo a baixar, e da confiança empresarial, que aumentou ligeiramente.

As mesmas fontes recordam que, além das medidas conjunturais de corte do défice público, com especial ênfase na redução da despesa, Espanha tem praticamente concluída a reestruturação do sector financeiro – termina até final deste mês – e aprovada a reforma laboral.

No que toca à reforma no sistema de pensões a comissão do Pacto de Toledo – que reúne forças políticas e parceiros sociais – continua igualmente a avançar para definir as propostas que podem vir a ser aprovadas.

Aumentos da idade da reforma – em dois anos – e alterações à fórmula de cálculo das pensões são algumas das mudanças que podem estar na calha.

Esta será, aliás, a mensagem que José Luis Rodríguez Zapatero está a defender hoje, junto aos seus parceiros no Conselho Europeu, procurando reunir apoios para combater esta nova onda de rumores.

Formalmente não será pedido um voto de confiança na economia espanhola mas é esperado que, em privado, Zapatero reitere a mensagem de solidez das finanças espanholas.

Até mesmo porque, insistem fontes do Palácio do Governo em Madrid, o corte já anunciado de 7,7 por cento nos gastos públicos para 2011 – face ao orçamento já reduzido de 2010 – respondem aos pedidos de medidas adicionais da mais recente avaliação de Bruxelas, que foram classificados pelo Fundo Monetário Internacional como «impressionante».

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