sexta-feira, abril 02, 2010

Prémio Nobel propõe Banco para a Inovação

(Notícia do EXPRESSO)
O Prémio Nobel Edmund Phelps e o estratego financeiro Leo Tilman avançam com a ideia de um banco para o fomento da inovação nos Estados Unidos.

A inovação requer uma iniciativa financeira arrojada. Apoiada pelo Estado e mobilizando entidades de investimento interessadas no longo prazo. O sistema financeiro actual - e a banca em particular - não está focalizado nesta necessidade.


A solução é a criação de um banco para a Inovação, um First National Bank of Innovation, no caso dos Estados Unidos, segundo a proposta do Prémio Nobel Edmund Phelps, professor na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e do estratego financeiro Leo Tilman, presidente da L.M. Tilman & Co, uma firma financeira nova-iorquina, autor do livro com o título sugestivo "Financial Darwinism".

No caso americano, tratar-se-ia de uma entidade empresarial patrocinada pelo Estado envolvendo uma rede de bancos merchant apostados em investimentos de longo prazo. Um braço financeiro especializado dedicar-se-ia a captar fundos dos mercados internacionais a taxas de juro atractivas. Este banco destinar-se-ia exclusivamente a financiar projectos empreendedores, investindo ou emprestando o capital necessário numa pluralidade de projectos e regiões. Apesar da ligação ao Estado, o Banco deveria estar "blindado" contra as pressões políticas e dos lóbis.

Distorção do sistema financeiro actual:

Phelps e Tilman criticam o facto dos economistas e políticos terem concentrado a sua atenção, durante esta crise, no fomento do crescimento a partir dos incentivos a determinadas áreas da moda, como as energias renováveis, os negócios em torno das mudanças climáticas e da saúde. Essa focalização do investimento de iniciativa pública ou do direccionamento de benefícios orçamentais perde de vista o facto de que o crescimento económico brota da multiplicidade de iniciativas de empreendedores e da diversidade dos interesses dos consumidores bem como do pluralismo do faro dos investidores.

O problema actual é que o sistema financeiro está enviesado para uma lógica de maximização de rendas financeiras através da focalização na alavancagem, nos novos veículos financeiros, nas práticas de trading de alta frequência ou proprietárias, em engenharia financeira que não se dirige para o sector produtivo, e muito menos para os projectos inovadores. "Na próxima década, a desadequação, o desalinhamento, entre esta dinâmica da financeirização e as necessidades de inovação do tecido empresarial apenas será cada vez mais chocante", diz-nos Leo Tilman, numa entrevista que pode ler no final do artigo.

Não só os especialistas financeiros estão virados para "outro lado", para uma lógica de procura de rendas financeiras rápidas, bem como os gestores empresariais estão enredados no curto prazo e na tradicional maximização dos rendimentos dos accionistas e dos seus próprios benefícios variáveis.

Acresce que o capital de risco americano - designado no original como venture capital - está em queda livre desde a derrocada do Nasdaq em Março de 2000: de 100 biliões de dólares em 2000 passou para 18 biliões em 2009. As entradas em bolsa apoiadas pelo capital de risco americano caíram de mais de 260 nos anos de 1996, 1999 e 2000 para 6 em 2008 e 12 em 2009, segundo o Financial Times (10 de Março de 2010).

1 comentário:

rui seybert p ferreira disse...

Caro Prof,

este artigo não devia estar aqui.

Foi para nos provocar? Um Banco Para A Inovação? Isso sim é um take over socialista da economia. Já estou a ver os comités de investimento a deliberarem sobre 'ideias'. Isto lembra-me os modelos fascinantes da privatisação da economia russa à là Jeffrey Sachs.

Pode crer, private equity, venture capital, start-up capital, bolsas etc funcionam muito bem. Foram elas que nos deram o nosso crescimento económico e a inovaçãp pós segunda guerra mundial.

OK, pronto, a NASA e os projectos secretos dos ministério da defesa também ajudaram. Mas como intervenção burocrática como seria a do Banco da Inovação, já chega...=)

O que nós precisamos são supervisões fortes e não nas mãos dos políticos. Foram estes que não deixaram as forças de mercado actuarem e isso levou a aberrações no mercado.

A inovação existe e progride enquanto houver mercado para ela. A melhor maneira para a aniquilar é pô-la na mão de políticos ou financeiros. Private equity, venture capitalists etc são investidores e não financeiros!

Outro dia vi uma fotografia do Board da Microsoft nos seus primeiros 5 anos. Duvido que algum 'banqueiro' jamais lhes tivessem emprestado um único tostão, sem falar na Apple. Entretanto conheço algumas empresas lançadas por janotas de fato e gravata e com MBAs que muito apoio de banqueiros tiveram e só causaram write offs e accionistas desiludidos...