sábado, abril 10, 2010

Brasil: Lula da Silva defenderá em Washington direito legítimo ao uso da energia nuclear para fins pacíficos

(Notícia do SAPO / LUSA)

Brasília, 10 abr (Lusa) - O presidente brasileiro Lula da Silva defenderá na cimeira sobre segurança nuclear, em Washington, o legítimo direito ao uso da energia nuclear para fins pacíficos, informou o porta-voz presidencial.

Segundo Marcelo Baumbach, a "preocupação excessiva" com o terrorismo nuclear pode prejudicar o uso pacífico da energia atómica, como é o caso do programa nuclear brasileiro.

"O Brasil acredita que a maneira mais eficaz de afastar os riscos decorrentes do uso de explosivos nucleares por agentes não-estatais é a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares", acrescentou o porta-voz.

7 comentários:

Jose Paulo Oliveira disse...

O debate em torno da energia nuclear é inevitável.
As energias renováveis são excelente aposta, mas não chegam para as nossas necessidades actuais nem dos próximos anos. Precisamos de começar a olhar para a energia nuclear como a fonte mais viável. Curiosamente, este debate continua inquinado, talvez porque a manutenção do Status Quo agrada a quem está a lucrar...

rui seybert p ferreira disse...

A exploração da energia nuclear é inevitável. O que eu não gosto nela é como depois garantir a segurança do 'lixo'. E o 'lixo' problemático não o urânio e seus derivados mas o que fazer a toda a central!

Aliás, a energia nuclear tornou-se no 'darling' dos ambientalistas mais ferrenhos, tais como a minha esposa...

Mas ai ai ai, não concordo nada nada de nada com a atitude leviana do Brasil para com 'a atitude excessiva do terrorismo nuclear'.

Isto mostra uma assustadora falta de maturidade política do Brasil como cidadão mundial.

O Brasil está à espera de que alguma coisa aconteça no seu território para acreditar nas forças do mal (com ou sem justificação) soltas por esse mundo fora?

O Brasil acredita que o conceito da soberania nacional possa sêr aplicado neste tema da energia nuclear e seus derivados, que nada menos é do que uma bomba atómica?

Não, e espero que o Obama seja claríssimo com Lula...

Entretanto desafio o OLAE a calcular os benefícios para a balança de transacções correntes e a comercial de Portugal se pudessemos trocar a maior parte das nossas importações de petróleo por uma central nuclear. Quanto não ganharia a nossa indústria em vantagem competitiva? E depois mandem o estudo à administração do BES pff. Eles de bom grado apoiam e financiam a causa. Mas não o mandem ao Santander. A úlltima coisa que os Espanhóis querem é que Portugal seja competitivo e até lhes venda electricdade...

Anónimo disse...

O Nuclear só é uma aposta viável se quisermos que os nossos netos ( ou ate filhos) comecem a nascer com cada vez mais problemas. Isto para não falar já dos problemas que impõem a muitas pessoas.

O lixo nuclear não passa de radiação, que tem efeitos inimagináveis para 99% da população mundial. É importante relembrar que os soldados americanos que na guerra do Afeganistão dispararam balas feitas de resíduos reciclados tóxicos ( radioactivos) ficaram com deformações no corpo tanto exteriores como interiores.( nota: balas disparadas por aviões, ou seja os pilotos não tiveram contacto directo sequer).

Na minha opinião o Nuclear não deve ser nuclear não é solução, e não merece ser debatido.

A não ser que pensemos que no longo prazo estamos todos mortos então whatever.

Jose Paulo Oliveira disse...

Pense-se o que se pensar sobre esta questão (considero muito útil que leitores com diferentes opiniões comentem) acredito que temos obrigação de debater este assunto de forma séria e empenhada. Parece-me que só teremos uma de duas hipóteses nos próximos anos: Ou aceitamos o nuclear; Ou mudamos de vida, diminuindo drásticamente o nosso consumo de energia e o nosso modo de vida em geral com a dependência que temos de consumo de energia.
Este é um debate urgente. O défice energético português é tal, que temos de começar a pensar nesta questão e rapidamente.

Jose Paulo Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jose Paulo Oliveira disse...

Um leitor, que preferiu não se identificar, deixou o comentário que copio abaixo e que tive necessidade de editar para não ser este blogue acusado de denegrir o bom nome da entidade visada. Naturalmente, é com enorme prazer que publicamos todos os comentários que ajudem à discussão em torno do tema e portanto parece-me que este leitor está a contribuir para o esclarecimento do assunto. No entanto, compreenderão que não podemos publicar comentários que possam ser considerados ofensivos da idoneidade das pessoas singulares ou colectivas visadas, cumulativamente tratando-se de comentário não assinado.
Continuação de bom debate.
José Paulo Oliveira

Comentário deixado por leitor anónimo (editado):
"O défice energético português existe por mau planeamento e má gestão dos nossos recursos desde 1975 ( e corrupção, porque se a XXXXXXXXX e parceiros não tinham condições de construir (mais barragens por exemplo) não havia concursos internacionais) E não podemos esquecer que para entrar na UE abdicamos de muita soberania sobre a politica energética nacional.
E ainda não podemos jamais esquecer o monopólio energético em Portugal ( EDP) e como economistas percebemos todas as desvantagens em ter um monopólio. "

rui seybert p ferreira disse...

Dado que reparei que o Prof. José Oliveira voltou 'ao ataque' incluindo no blogue um estudo do Dr (?) Patrick Monteiro de Barros sobre a importância da energia nuclear em Portugal, não queria deixar passar despercebido o comentário acima do Sr Anónimo.

Tem razão que a radioactividade pode fazer muito mal, a começar pelos raios X nos hospitais e dentistas etc. Aliás a Madame Currie morreu de cancro causado pela radioactividade durante as suas pesquisas.

Mas o uso militar de lixo radioactivo, não me parece ser devido a centrais nucleares mas sim a bombas...e o meu herói Obama está-se a mexer muito bem aí. Até a Russia acabou de se comprometer a fechar o seu reactor que produzia plutónio.

Por outro lado, o Sr. Anónimo com muita razão avança com o argumento do mal menor, que afinal no fim de contas podemos estar todos mortos no longo prazo. Gosto dessa: "In the long run we are all dead" como dizia o nosso colega JM Keynes...=)

Essa é a versão optimista, a meu vêr.

Se o mundo não-ocidental começar a usufruír do mesmo uso de energia ao melhorar as suas condições de vida que o nosso mundo ocidental, vamos todos morrer asfixiados e afogados, e muito lentamente para doer mesmo.

Vamos têr migrações imensas dos deltas e das zonas baixas e nem estou a falar do Bangladesh, mas sim da Hollanda e do Louisiana.

Vamos inundar zonas imensas da floresta amazónica como o Brasil acabou de anunciar (uma nova barragem com 11,000 MW!).

Vamos esventrar áreas virgens imensas à procura de carvão barato
e poluír a atmosfera com imensas quantidades de CO2. A China está a inaugurar por mês duas centrais térmicas a carvão.

A tecnologia de hoje para o uso pacífico da energia nuclear está provada que é segura. Chernobyl e Three Mile Island não pertencem a esta categoria e já não se constróiem centrais assim.

O que precisamos é de um debate intelectualmente honesto ao que fazer ao lixo e como decontaminar centrais no fim da sua vida útil.

A Inglaterra vai começar agora a primeira decontaminação a nível mundial.

Precisamos também de outro debate intelectualmente honesto:

Incluir nos cálculos financeiros e no custo ao consumidor, um custo real para a tal decontaminação e armazenamento.

Tanto a Inglaterra, França e Espanha estão a chegar à conclusão que afinal as reservas financeiras criadas para este fim não chegam para nada. Isto sim é gravíssimo e têm que ser lidado com toda a frontalidade, abertura e honestidade.

Uma última palavra quanto a acidentes em centrais nucleares.

Lendo os vários acidentes que houve, não me parecem ser sido mais dramáticos, extensivos ou profundos do que acidentes em muitas outras indústrias; a mineira em Papua Nova Guiné, na petrolífera no Equador ou Alaska, na química em Bhopal (Índia), na farmacêutica com o Contagan etc, etc.

Só que estes acidentes se calhar afectaram mais o terceiro mundo do que o nosso. E isso também não é intelectualmente honesto. Só porque a energia nuclear nos toca a nós no nosso cantinho, não podemos proibir ao resto do mundo a querer viver com o nosso conforto.