domingo, setembro 05, 2010

Uma Palavra para Moçambique

Nos últimos dias viveram-se momentos conturbados em Moçambique, com a revolta de muitos cidadãos contra o aumento do custo de vida, em especial de alguns bens essenciais, nomeadamente o preço do pão, da água e da electricidade. Apesar do crescimento rápido da economia Moçambicana existem fatias da populaçaõ descontentes e excluídos do progresso da sociedade. Sempre assim foi, em todas as economias (mesmo as que apregoavam a igualdade de todas as classes sociais) e dificilmente algum dia deixará de ser. A riqueza vai sendo construída e a pouco e pouco vai sendo distribuída, acabando por chegar às mais vastas camadas da população. Inevitavelmente. Claro que, como aconteceu ao longo da história em tantas revoluções, o povo esfomeado é manipulado por agitadores com objectivos de poder bem concretos. Isto não deixará de estar a acontecer também agora em Moçambique. No entanto, impõe-se uma reflexão sobre o percurso de Moçambique nos últimos anos para podermos compreender o que resultará destes dias.


Nos últimos anos, Moçambique tem obtido níveis de crescimento económico entre os seis e os dez por cento anuais, parte significativa da população saiu da pobreza extrema em que vivia, segundo os dados da ONU e das instituições internacionais credíveis, existe bom ambiente para a realização de negócios, o Investimento Directo Estrangeiro não pára de crescer (incluindo IDE Português cada vez maior), nos últimos anos o país ultrapassou mais de uma vintena de países em termos de PIB per capita, existe hoje uma elite intelectual e técnica bem preparada que assume a governação das instituições, o país assumiu um carácter estratégico para muitos dos maiores grupos empresariais Lusófonos e acima de tudo e mais importante ainda, Moçambique é hoje uma referência de Boa Governação em África.

Perante esta realidade indesmentível, quero afirmar a minha confiança no futuro do país, na estabilidade política que as autoridades têm sabido promover e que acredito voltará muito brevemente. Não me parece que a agitação actual conduza a algo mais do que turbulência passageira. Sei bem que corro o risco de errar, mas não gosto de prognósticos no final do jogo e é agora que é importante afirmar convicções, quando o futuro ainda é uma incógnita. Astrólogos do dia seguinte, temos muitos na análise económica e política, catedráticos de explicações sobre as razões porque o mundo não é aquilo que disseram que ia ser e ainda têm cara para continuar a aparecer.

O desenvolvimento de Moçambique, a par do crescimento económico de Angola, é uma das maiores oportunidades para as empresas e trabalhadores Lusófonos, pois permite-nos desfrutar da vantagem competitiva que a língua comum nos oferece, em países de rápido crescimento e ambiente favorável aos negócios. Moçambique oferece ainda a vantagem de se poder andar na rua sem temer ser atingido por uma qualquer bala perdida.

Esta oportunidade imensa atraiu-me de alguns anos a esta parte e constitui mesmo a principal aposta estratégica quer para a minha empresa SOSABERES quer para o OLAE – Observatório Lusófona de Actividades Económicas, Centro de Investigação e Prestação de Serviços que fundei e do qual sou hoje Business CEO e Board Member.

Perante a turbulência dos dias que correm, em Moçambique, deixo aqui o meu testemunho que nem por um momento a minha confiança no futuro do país vacilou. Moçambique merece esta palavra: Confiança!

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