terça-feira, julho 06, 2010

O BCE a nu

(Artigo de Opinião de Howard Davies publicado no Jornal de Negócios)


A crise na Zona Euro continua longe de estar resolvida. As preocupações dos investidores estão agora concentradas na saúde dos bancos europeus, já que muitos deles têm uma elevada exposição à Grécia e a outros países do sul da Europa com graves problemas orçamentais.

Até agora, os líderes europeus só colocaram gesso nas feridas. Foi criado um fundo de estabilização mas numa base temporária. Foram introduzidos novos acordos para monitorizar os balanços orçamentais dos Estados-membros mas nada pode ser feito face ao volume de dívida pendente. E o Banco Central Europeu (BCE) começou a comprar obrigações governamentais, incluindo da Grécia, a preços muito superiores aos que prevaleceriam no mercado livre.

Esta última medida adoptada pelo BCE levantou uma série de questões por resolver sobre a estrutura do banco e a forma como este toma as suas decisões. Algumas questões que os decisores políticos europeus quiseram esconder estão agora totalmente expostas.

A decisão de comprar, directamente, obrigações gregas não foi unânime. Agora o mundo sabe que Axel Weber, presidente do Bundesbank, votou contra. Foi um voto em 22 mas Weber representa 27% do produto interno bruto (PIB) da Zona Euro, logo não pode ser considerado um membro insignificante. Foi a primeira vez que o presidente do BCE teve que revelar que uma decisão não foi unânime.

Em teoria, sempre soubemos que o BCE poderia, se necessário, tomar decisões com base na regra da maioria. Mas, até agora, esta situação nunca tinha acontecido e não existiam procedimentos para revelar os votos, ao contrário do que acontece na Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) e também no Banco de Inglaterra, onde os votos individuais no Comité de Política Monetária são, normalmente, revelados.

O argumento contra a transparência tem sido que, em circunstâncias especiais, a exposição dos votos individuais dos membros do Conselho de Governadores poderia pressionar os representantes dos Estados-membros. Um governador de um país em recessão poderia sentir-se quase obrigado a votar contra um aumento das taxas de juro, ou a favor de um corte, independentemente das condições gerais da Zona Euro.

Mas a falta de clareza sobre os acordos de votação do BCE pode durar para sempre? Nout Wellink do banco central da Holanda afirmou, explicitamente, que um dia será necessária maior transparência à medida que o BCE alcance maior maturidade. A voz divergente de Weber sobre a compra de obrigações gregas aproximou, e muito, esse dia.

Expôs ainda um outro problema essencial. A estrutura de votação no BCE tem muitos defeitos. Em qualquer sistema federal, o equilíbrio deve ser alcançado entre os que estão encarregues de avaliar as condições económicas em toda a zona monetária e os que representam os interesses de determinadas regiões.

Este problema já foi analisado anteriormente, tanto na Fed, como no Bundesbank. No caso da Fed, sete membros do Conselho em Washington têm uma jurisdição federal e 12 presidentes das reservas regionais votam em rotação e apenas o presidente da reserva de Nova Iorque tem um voto permanente. Assim, o rácio entre votos centrais e votos regionais é de 1:0,7. O Bundesbank tem um acordo semelhante com um balanço central/regional de 1:1,1.

O BCE é diferente por algumas boas razões. É a autoridade monetária de uma federação de Estados soberanos. O peso dos membros nacionais individuais do Conselho de Governadores é muito maior. De facto, o rácio de votos federais e nacionais no BCE é de 1:2,5. E, como cada Estado-membro tem um voto, existe um enorme desequilíbrio entre o peso do voto e o peso do PIB de cada país. A Alemanha tem o mesmo peso que Malta.

O BCE analisou estes problemas mas tudo o que foi alcançado (no Tratado de Nice) foi uma modesta rotação de votação entre os membros à medida que a federação cresce. Isto não vai corrigir os desequilíbrios que existem actualmente.

Até agora, este problema tem atraído pouca atenção. Mas a voz dissidente de Weber abriu a possibilidade dos pequenos países poderem votar contra os membros centrais e importantes. É, teoricamente, possível que os seis membros do Conselho Executivo mais a França, Alemanha e Itália, que representam 65% do PIB da Zona Euro, possam perder a votação para uma coligação de pequenos países.

Isto pode ser muito importante nas decisões sobre as taxas de juro. Pode ainda ser relevante para compras de dívida de Estados-membros com problemas. É muito provável que a dívida grega adquirida pelo BCE não valha o que foi pago por ela. Se a Grécia for forçada a reestruturar a sua dívida e impuser um "corte" aos detentores das suas obrigações, o BCE vai registar prejuízos consideráveis. Esses prejuízos vão recair sobre os Estados-membros da Zona Euro em proporção à sua percentagem do PIB da Zona Euro, apesar do votos serem um por país.

Este peculiar acordo representa um risco futuro para a união monetária e económica, a juntar ao risco de políticas orçamentais descoordenadas e à falta de um equivalente europeu ao Fundo Monetário Internacional. Especialmente quando os mercados estão nervosos, como acontece actualmente, qualquer percepção de que as decisões do BCE podem não ter em consideração os interesses de toda a Zona Euro, ou podem levar os principais países a registar prejuízos significativos, pode, por si só, ser destabilizador. Isto aponta para uma clara necessidade de rever os termos do Tratado de Nice, algo que será difícil de fazer por questões políticas. Mas é cada vez mais evidente que a Zona Euro precisa de uma revisão importante se quiser sobreviver. E os acordos de votação do BCE são um elemento que precisa de ser reformado.

segunda-feira, julho 05, 2010

Rogoff acredita na necessidade de resgate da Espanha pelo FMI

(Notícia do Jornal de Negócios)
Mesmo que o Governo espanhol afirme que não há necessidade de o país recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ex-economista chefe do Fundo, Keneth Rogoff, acredita que este acabará por intervir.
Mesmo que o Governo espanhol afirme que não há necessidade de o país recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ex-economista chefe do Fundo, Keneth Rogoff, acredita que este acabará por intervir.


Para Rogoff, o Governo espanhol não é capaz de tomar as medidas necessárias por si mesmo, por mais ideal que isso fosse. A probabilidade de o FMI intervir revela-se então bastante elevada, sendo até vista como a última salvação do país para sair da actual crise. E, caso a Espanha recuse esta ajuda, o resultado será, para Rogoff, desastroso, segundo “Expansión”.

O chefe do FMI entre Agosto de 2001 e Setembro de 2003 afirmou, em declarações ao “Expansión”, que muitos dos ajustes que o Executivo liderado por Zapatero, realizou nas últimas semanas são razoáveis, apesar de chegarem com alguns anos de atraso. E questiona se o Governo estará disposto a assumir o custo político de um cenário de crescimento lento que se espera para o futuro.

O fantasma do resgate da Grécia é quase uma realidade palpável para Rogoff, que acredita que a União Europeia deve estabelecer um limite para a dívida espanhola. Caso contrário, o medo da falência poderá espalhar-se pelos países da Zona Euro.

Não é apenas a Espanha que caminha para o abismo, mas sim todos os países da região. Para Rogoff, todos os países europeus entrarão numa situação de risco até se tomarem decisões. Se a Europa continuar a não intervir e a hesitar como tem feito, não só a Espanha será ameaçada.

sábado, julho 03, 2010

Comprar ações, só no final do segundo semestre

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
O diretor de alocação de ativos da Fidelity International só tem vendido ações nos último semestre. Subida sustentada dos índices só acontecerá em 2011, diz Trevor Greetham.
Apesar de alguns indicadores económicos demonstrarem que a economia mundial está a melhorar, Trevor Greetham não vê mais do que "uma recuperação moderada". Na verdade, o diretor de investimentos da Fidelity International, a maior sociedade gestora do Mundo, antecipa um aumento das dificuldades económicas na segunda metade do ano, o que o fez optar por desfazer-se da maioria das ações que compõem os fundos geridos pela sua equipa.


Para o especialista, devido às dificuldades que começam agora a emergir, no segundo semestre poderão surgir boas oportunidades de compra, mas sem ilusões: rali - subida sustentada dos índices - só em 2011, disse o gestor numa entrevista por videoconferência dada a jornalistas de Hong Kong.

A crise na dívida soberana europeia e o impacto desta na economia mundial é a principal preocupação do diretor de investimentos da Fidelity International.

"Temos uma posição neutra em ações e poderemos vender mais caso venha a existir um rali no curto prazo", disse Greetham, sublinhando que "surgirão boas oportunidades de compra quando as pessoas estiverem em pânico. Vai-se falar muito na possibilidade de uma nova recessão."

Rússia inaugura a primeira central nuclear flutuante

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
A Rússia começou a produzir centrais nucleares flutuantes, destinadas a fornecer electricidade a cidades até 200 mil habitantes ou a indústrias localizadas em zonas com fraca rede eléctrica.

Custou 336 milhões de dólares - cerca de €273 milhões -, foi batizada como "Academia Lomonosov", em honra do cientista que fundou a Universidade de Moscovo, e acabou de sair dos Estaleiros do Báltico em São Petersburgo. Trata-se da primeira central nuclear flutuante russa, capaz de produzir 70 MW de eletricidade.


A Rússia deverá produzir várias centrais nucleares deste tipo, destinadas a fornecer energia elétrica em regiões afastadas de grandes redes de transporte de eletricidade. As pequenas cidades e as indústrias serão os seus principais clientes.

Estas centrais nucleares flutuantes têm capacidade de produção de 300 MW de calor e conseguem dessalinizar 240 mil litros de água por dia.

No sector da energia, considera-se que estas unidades - que dispõem de tecnologia nuclear de nova geração -, são ideais para fornecer energia elétrica em arquipelagos com fracas redes elétricas.

sexta-feira, junho 25, 2010

Alemanha avisa EUA sobre riscos de nova crise financeira

(Notícia do Público)
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, advertiu os Estados Unidos para os riscos de voltaram e viver uma nova crise, numa entrevista ao jornal financeiro Boersen Zeitung, e pressionou-os a terem mais disciplina orçamental, um tema que tem levantado debate em ambos os lados do Atlântico.
“Apesar dos estímulos sempre a crescer e de um défice orçamental que por vezes nos corta a respiração, não se vê resultados no mercado laboral” nos Estados Unidos, declarou o ministro alemão.
“As autoridades norte-americanas estão a tentar tudo o que podem. Sem dúvida que as forças que desencadearam esta crise vão ser libertadas outra vez”, alertou.
As baixas taxas de juro e as enormes quantidades de crédito barato nos mercados criaram o ambiente para uma crise financeira que começou em 2007 quando os proprietários de casas nos Estados Unidos se viram incapazes de pagar hipotecas arriscadas.
“Sou cuidadoso em não dar conselhos aos Estados Unidos sobre crescimento económico, mas a Alemanha pensa que é claro que um défice público excessivo constitui um obstáculo ao crescimento global”, disse Schaeuble.
Washington tem dito repetidas vezes à Alemanha que deveria reorientar a sua economia, passando de uma estratégia virada para as exportações para uma estratégia virada para o reforço da procura interna.

G8 reúne-se hoje no Canadá

(Notícia do Diário Económico)

A reunião do G-8 vai ter lugar hoje na cidade canadiana de Huntsville, 215 quilómetros a Norte da cidade de Toronto, onde os países do G-20 se irão encontrar no fim-de-semana.


A cidade da região de Muskoka no estado do Ontário, é conhecida por ser bastante isolada, contando com apenas 18 mil habitantes.

Depois das violentas manifestações anti-globalização que marcaram as reuniões no início do século, os países do G8 têm procurado reunir-se em localidades remotas, que dificultem a concentração de muitos manifestantes.

Em 2002, o encontro teve lugar na cidade canadiana de Kananaskis, e, em 2004 na vila alemã de Hiligendam. Já em 2008 a reunião ocorreu em Toyako, na ilha japonesa de Hokkaido.

Grécia desmente venda de ilhas para evitar incumprimento

                                                         (Notícia do Jornal de Negócios)
O porta-voz do governo grego, Yorgos Petalotís, desmentiu que o Estado queira vender algumas das suas ilhas para sanear a sua maltratada economia e evitar o incumprimento, tal como avançou hoje de manhã a imprensa britânica.
O porta-voz do governo grego, Yorgos Petalotís, desmentiu que o Estado queira vender algumas das suas ilhas para sanear a sua maltratada economia e evitar o incumprimento, tal como avançou hoje de manhã a imprensa britânica.


“Trata-de de uma completa falta de exactidão, não corresponde à realidade e é, inclusivamente, um insulto”, assegurou Petalotís numa carta enviada ao “The Guardian”, depois de o jornal britânico ter publicado um artigo onde anunciava “a venda das ilhas gregas do Estado”.

O referido artigo dizia que a Grécia iria vender algumas das suas mais de 6.000 ilhas devido à “incapacidade do Estado para desenvolver as infraestruturas básicas ou vigiar a maioria das suas ilhas”, refere a agência espanhola Efe.
Petalotís sublinhou que “a compra e venda de ilhas gregas privadas não é nada de novo bem tão pouco é uma notícia, tanto na Grécia como em qualquer outro lugar”. Isto depois de confirmar que a ilha de Nafsiká, no Mar Jónico, está à venda há bastante tempo.

Nafsiká é uma ilha de propriedade privada, segundo os media gregos, e o seu preço é de 15 milhões de euros.

quinta-feira, junho 24, 2010

Clube da bancarrota: Portugal em 9º lugar e Grécia lidera

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
Ao final da sessão da tarde do mercado da dívida soberana, Portugal desceu para o 9º lugar no TOP 10 mundial de probabilidade de default, mas continua com o risco a aumentar. Grécia nos 68% de risco atingiu o 1º lugar.
Prosseguindo a escalada de risco reiniciada esta semana, Portugal fixou-se no 9º lugar no grupo dos 10 países com mais altas probabilidades de default (incumprimento da dívida soberana), segundo o monitor da CMA DataVision.


O nosso país ultrapassou o estado americano do Illinois no nível de risco, atingindo, agora, durante o final da sessão da tarde, uma probabilidade de default de 25,03%. Apesar do aumento do risco no caso português, o estado da Califórnia subiu ao 8º lugar, desalojando Portugal.

A Grécia, que está a aplicar um pacote orientado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e por Bruxelas, continua a sua escalada de risco, tendo, ontem, ultrapassado o anterior máximo histórico ocorrido durante a crise de 6 de Maio. A probabilidade de default em relação à Grécia é, agora, de mais de 68%. Passou a ocupar o 1º lugar.

O custo dos credit default swaps (cds, seguros face ao risco de bancarrota) atingiu mais de 1100 pontos base (mais de 1050 pontos base acima do custo dos cds relativos á Alemanha, a referência na zona euro, o que significa um adicional de 10,5% em relação ao juro da dívida soberana alemã).

Espanha e Irlanda continuam, também, com o risco em alta, acima dos 20%.

George Soros: "Alemanha devia sair do euro"

(Notícia do Jornal de Negócios)

A troca de argumentos prossegue. Depois de ontem ter acusado a Alemanha de ser um "perigo" para a Europa, George Soros elevou a parada e de forma deliberadamente provocatória aconselhou hoje o Governo alemão a sair do euro. Grécia e Espanha agradeceriam. E a Alemanha saberia finalmente o quão difícil é viver com uma moeda sobrevalorizada, escreve.
A troca de argumentos prossegue. Depois de ontem ter acusado a Alemanha de ser um “perigo” para a Europa, George Soros elevou a parada e de forma deliberadamente provocatória aconselhou hoje o Governo alemão a sair do euro. Grécia e Espanha agradeceriam. E a Alemanha saberia finalmente o quão difícil é viver com uma moeda sobrevalorizada, escreve.


Num artigo de opinião publicado esta manhã no site do “Financial Times”, o multimilionário acusa a Alemanha de se ter esquecido das lições da Grande Depressão dos anos 30, ao impor uma dieta orçamental à Europa numa fase muito prematura da retoma, que arrisca a condenar o Continente a um “longo período de estagnação, senão pior”. “No pior cenário, a UE pode ficar paralisada e ser destruída pela emergência dos extremismos xenófobos e nacionalistas”.

No artigo, intitulado “A Alemanha deve reflectir sobre o impensável”, Soros escreve que é a Alemanha, como maior exportador europeu, que mais tem a ganhar com a política deflacionista que quer impor ao conjunto dos países do euro, mas que para os periféricos isso significará “empurrá-los para a depressão” e para um contexto em que continuarão a assistir ao “acumular das suas dívidas”.

O mega-investidor diz não ter ilusões sobre a disponibilidade de a Alemanha inverter a trajectória de austeridade – que impôs aos demais, e si própria – porque a “deflação fará com que a Alemanha fique mais competitiva nos mercados internacionais”. Por isso solta a provocação – “saiam do euro” – na expectativa de que, pondo-se na pele de outros, a Alemanha venha ainda a arrepiar caminho.

Se isso acontecesse, antecipa, “o marco subiria, o euro cairia. O resto da Europa ficaria mais competitivo e poderia resolver as suas dificuldades, mas a Alemanha descobriria o quão doloroso pode ser uma moeda sobrevalorizada”.

Merkel garante que fez mais do que os outros para combater a recessão


A troca de argumentos surge depois de, também num artigo publicado na edição escrita do “Financial Times” de hoje, o ministro alemão das Finanças ter assegurado que a Alemanha “sabe que tem uma responsabilidade na promoção do crescimento na Europa e no mundo”.

Em vésperas da cimeira do G20, que se reúne neste fim-de-semana em Toronto, Wolfgang Schäuble, sublinha porém que a Alemanha entende que esse papel de promotor do crescimento deve ser cumprido “não através de mais endividamento público, mas cumprindo a nossa tradição de âncoras de estabilidade”.

Já hoje, antes de partir para o Canadá – onde ouvirá de Barack Obama e de outros líderes mundiais reparos na linha do de Soros – Angela Merkel insistiu que o plano de poupança de 80 mil milhões de euros é para levar até ao fim e que a ideia de eventualmente baixar impostos (como defendem os Liberais, parceiros da coligação governamental) é prematura. "Vamos aplicar as medidas de poupança que aprovámos, acho que não podemos abrandar", disse Merkel à televisão pública ARD, citada pela agência Lusa.

O ministro da Economia, Rainer Bruederle, foi um dos que relançou a ideia, logo após o Ministério das Finanças alemão ter anunciado que a melhoria da receitas do Estado permitirá reduzir o endividamento em 20 mil milhões de euros em 2010, e em 15 mil milhões de euros em 2011.

Merkel sublinhou ainda ter respondido a Barack Obama – que lhe pediu para não por “travão demasiado cedo” – que a Alemanha "fez mais do que a média dos outros países" para reanimar a conjuntura mundial.

A discussão promete prosseguir este fim-de-semana e dificultar a fixação de orientações comuns entre os líderes do G20 sobre qual deve ser afinal a prioridade: cortar défices ou, ainda que sem exageros, tentar revitalizar a economia.

quarta-feira, junho 23, 2010

Crime contra a humanidade?

(Artigo publicado no caderno de Economia da edição impressa do Expresso de 18 de Outubro de 2008)
Homenagem do Macroeconomicus ao Nobel Português.

José Saramago escreveu no dia 18 de Outubro de 2008 um artigo de opinião sobre a crise financeira, leia este artigo aqui:

A história é conhecida e, nos antigos tempos de uma escola que a si mesma se proclamava como perfeita educadora, era ensinada aos meninos como exemplo da modéstia e da discrição que sempre deverão acompanhar-nos quando nos sintamos tentados pelo demónio a ter opinião sobre aquilo que não conhecemos ou conhecemos pouco e mal.


Apeles podia consentir que o sapateiro lhe apontasse um erro no calçado da figura que havia pintado, porquanto os sapatos eram o ofício dele, mas nunca que se atrevesse a dar parecer sobre, por exemplo, a anatomia do joelho. Em suma, um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar. À primeira vista, Apeles tinha razão, o mestre era ele, o pintor era ele, a autoridade era ele; quanto ao sapateiro, seria chamado na altura própria, quando se tratasse de deitar meias-solas num par de botas. Realmente, aonde iríamos nós parar se qualquer pessoa, até mesmo a mais ignorante de tudo, se permitisse opinar sobre aquilo que não sabe? Se não fez os estudos necessários, é preferível que se cale e deixe aos sabedores a responsabilidade de tomar as decisões mais convenientes (para quem?).


Sim, à primeira vista, Apeles tinha razão, mas só à primeira vista. O pintor de Filipe e de Alexandre da Macedónia, considerado um génio na sua época, esqueceu-se de um aspecto importante da questão: o sapateiro tem joelhos, portanto, por definição, é competente nestas articulações, ainda que seja unicamente para se queixar, sendo esse o caso, das dores que nelas sente. A estas alturas, o leitor atento já terá percebido que não é propriamente de Apeles nem de sapateiro que se trata nestas linhas. Trata-se, isso sim, da gravíssima crise económica e financeira que está a convulsionar o mundo, a ponto de não escaparmos à angustiosa sensação de que chegámos ao fim de uma época sem que se consiga vislumbrar qual e como seja o que virá a seguir, após um tempo intermédio, impossível de prever, para levantar as ruínas e abrir novos caminhos. Como assim? Uma lenda antiga para explicar os desastres de hoje? Porque não? O sapateiro somos nós, nós todos que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistarem mais e mais dinheiro, mais e mais poder, por todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, correntes ou criminosos. E Apeles? Apeles são esses precisamente, os banqueiros, os políticos, os seguradores, os grandes especuladores, que, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, responderam nos últimos 30 anos aos nossos tímidos protestos com a soberba de quem se considerava detentor da última sabedoria, isto é, que ainda que o joelho nos doesse não nos seria permitido falar dele, denunciá-lo, apontá-lo à condenação pública. Foi o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presuntivamente auto-reformável e autocorrectora, encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para todo o sempre a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de o desmentir a cada hora.

E agora? Irão finalmente acabar os paraísos fiscais e as contas numeradas? Irá ser implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delituosas, de investimentos opacos que, em muitíssimos casos, não são mais que maciças lavagens de dinheiro negro, de dinheiro do narcotráfico? E já que falamos de delitos... Terão os cidadãos comuns a satisfação de ver julgar e condenar os responsáveis directos do terramoto que está sacudindo as nossas casas, a vida das nossas famílias, o nosso trabalho? Quem resolve o problema dos desempregados (não os contei, mas não duvido de que já sejam milhões) vítimas do "crash" e que desempregados irão continuar a ser durante meses ou anos, malvivendo de míseros subsídios do Estado, enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente levadas à falência gozam de milhões e milhões de dólares a coberto de contratos blindados que as autoridades fiscais, pagas com o dinheiro dos contribuintes, fingiram ignorar? E a cumplicidade activa dos governos, quem a apura? Bush, esse produto maligno da natureza numa das suas piores horas, dirá que o seu plano salvou (salvará?) a economia norte-americana, mas as perguntas a que terá de responder são estas: não sabia o que se passava nas luxuosas salas de reunião em que até o cinema já nos fez entrar, e não só entrar como assistir à tomada de decisões criminosas sancionadas por todos os códigos penais do mundo? Para que lhe serviram a CIA e o FBI, mais as dezenas de outros organismos de segurança nacional que proliferam na mal chamada democracia norte-americana, essa onde um viajante, à entrada do país, terá de entregar ao polícia de turno o seu computador para que ele faça copiar o respectivo disco duro? Não percebeu o senhor Bush que tinha o inimigo em casa, ou, pelo contrário, sabia e não lhe importou?

O que está a passar-se é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade, e é desta perspectiva que deveria ser objecto de análise em todos os foros públicos e em todas as consciências. Não estou a exagerar. Crimes contra a humanidade não são somente os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassínios selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as poluições maciças, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é o que os poderes financeiros e económicos dos Estados Unidos, com a cumplicidade efectiva ou tácita do seu governo, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o dinheiro que ainda lhes resta, depois de, em muitíssimos casos (não duvido de que sejam milhões), haverem perdido a sua única e quantas vezes escassa fonte de rendimento, o trabalho.

Os criminosos são conhecidos, têm nomes e apelidos, deslocam-se em limusinas quando vão jogar golfe, e tão seguros de si mesmos que nem sequer pensaram em esconder-se. São fáceis de apanhar. Quem se atreve a levar este "gang" aos tribunais? Ainda que não o consiga, todos lhe ficaremos agradecidos. Será sinal de que nem tudo está perdido para as pessoas honestas.

Fed reitera que as taxas de juro vão permanecer baixas "por um período extenso"

(Notícia do Jornal de Negócios)

A Reserva Federal (Fed) dos EUA reiteraram a perspectiva que têm defendido nos últimos meses. As taxas de juro vão permanecer no nível historicamente baixos por “um período extenso” e sugeriu que a crise de dívida europeia pode afectar o crescimento económico norte-americano.


“A recuperação da economia está a decorrer” e o “mercado de trabalho está a melhorar gradualmente”, consideram os responsáveis da Fed, de acordo com as minutas da última reunião, citadas pela Bloomberg.

Contudo, “as condições financeiras tornaram-se menos favoráveis ao crescimento económico, largamente a reflectir os desenvolvimentos externos”, revelam os responsável.

Considerando a taxa de desemprego elevada, a inflação baixa e a expectativa de que os preços continuem estáveis, o normal será que as taxas de juro se mantenham “em níveis excepcionalmente baixos por um período extenso”.

terça-feira, junho 22, 2010

Martin Feldstein: Crónica de uma crise monetária anunciada

(Artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios)

A crise na Grécia e os problemas da dívida em Portugal e Espanha expuseram as falhas inerentes do euro. Nem todas as garantias financeiras - e muito menos a retórica tranquilizadora - da União Europeia podem ocultá-las. Após 11 anos sem contratempos desde a criação do euro, os problemas fundamentais do acordo tornaram-se demasiado óbvios.

A tentativa de estabelecer uma moeda única para 16 países independentes e muito diferentes estava destinada a fracassar. A mudança para uma moeda única significa que cada Estado-membro perde a capacidade de controlar a sua política monetária e as taxas de juros de forma a responder às condições económicas nacionais. Significa ainda que a taxa de câmbio de cada país deixa de responder aos efeitos acumulados das diferenças na produtividade nos padrões globais de procura.
Além disso, a moeda única enfraquece os sinais do mercado que, de outra forma, avisariam um país de que o seu défice orçamental está a tornar-se excessivo. E quando um país com um défice orçamental excessivo precisa de aumentar os impostos e reduzir os gastos públicos, como a Grécia está a fazer actualmente, a consequente contracção do produto interno bruto e do emprego não pode ser reduzida pela desvalorização da moeda que permite aumentar as exportações e reduzir as importações.

Como é que os Estados Unidos conseguem, então, ter uma moeda única apesar das enormes diferenças que existem entre os 50 Estados? Há três condições económicas chave - nenhuma delas existe na Europa - que permite aos diferentes Estados norte-americanos viver com uma moeda única: mobilidade do mercado labora, flexibilidade salarial e autoridade orçamental central.

Quando as indústrias têxteis e do calçado do Nordeste americano deixaram de funcionar, os trabalhadores foram para Oeste, onde estavam a nascer novas indústrias. Os desempregados da Grécia, Portugal e Espanha não vão para outras regiões em crescimento na Europa devido às diferenças na linguagem, história, religião, sindicatos, etc. Além disso, a flexibilidade salarial significou que o crescimento sustentável mais lento dos salários nos Estados que perderam indústria ajudou a atrair e reter outras indústrias. E o sistema orçamental norte-americano ajudar a recolher dois terços de todos os impostos a nível nacional, o que implica uma transferência orçamental líquida substancial e automática para os Estados com rendimentos temporariamente mais baixos.

O Banco Central Europeu deve definir uma política monetária para a Zona Euro como um todo, mesmo que essa política seja altamente inapropriada para alguns Estados-membros. Quando a procura na Alemanha e na França era relativamente fraca no início da década, o Banco Central Europeu reduziu acentuadamente as taxas de juro. Isso ajudou a Alemanha e a França mas também inflacionou as bolhas imobiliárias na Espanha e na Irlanda. O recente colapso dessas bolhas causou um acentuado abrandamento da actividade económica e aumentos significativos no desemprego dos dois países.

A introdução do euro, que implicava uma taxa de inflação comum baixa, provocou fortes quedas nas taxas de juro da Grécia e de outros países que anteriormente tiveram taxas elevadas. Esses países sucumbiram à consequente tentação de aumentar o endividamento público, levando o rácio da dívida pública face ao PIB para valores superiores a 100% na Grécia e na Itália. Até há pouco tempo, o mercado das obrigações tratou as dívidas soberanas da Zona Euro como virtualmente iguais, sem aumentar as taxas de juro dos países com dívidas elevadas até que a possibilidade de incumprimento fosse evidente. A necessidade de ajustamentos orçamentais maciços uma desvalorização da moeda para compensar vai levar Grécia e possivelmente outros países ao incumprimento da sua dívida pública, provavelmente através de algum tipo de reestruturação da dívida suportada pelo Fundo Monetário Internacional.

O euro foi promovido como necessário para um comércio livre entre os Estados-membros, segundo o lema "Um mercado, uma moeda". Como é óbvio, na realidade, uma moeda única ou uma taxa de câmbio fixa não é necessária para o comércio aumentar. Os Estados Unidos têm uma receita anual do comércio de mais de dois biliões de dólares, apesar de uma taxa de câmbio flexível que sofreu fortes subidas e descidas nas últimas décadas. A área norte-americana de Comércio Livre aumentou o comércio com o Canadá, o México e os Estados Unidos, tendo todos eles taxas de câmbio independentes e variáveis. O Japão, a Coreia do Sul e outros parceiros comerciais da região, têm taxas de câmbio muito flexíveis. E, obviamente, apenas 16 dos 27 Estados-membros da União Europeia utilizam o euro.

Apesar de todos os problemas, é provável que o euro sobreviva à crise actual. Mas nem todos os actuais Estados-membros da Zona Euro poderão fazer parte da região dentro de um ano. Em retrospectiva, é claro que se permitiu que alguns países aderissem prematuramente, quando estes ainda tinham enormes défices orçamentais e elevados rácios da dívida. Além disso, a composição industrial de alguns países e as baixas taxas de crescimento da produtividade significam que uma taxa de câmbio fixa os condena a ter défices comerciais cada vez maiores.

Para terminar, alguns mecanismos de supervisão e controlo reforçado podem ser adoptados para limitar défices orçamentais futuros. Mas, mesmo com um grupo de Estados-membros mais pequenos e algumas alterações nos procedimentos do défice, os problemas fundamentais de forçar países diferentes a viver com uma política monetária única e uma taxa de câmbio únicos vão continua
Martin Feldstein, professor de Economia em Harvard, foi presidente do Conselho Económico do presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan e presidente do Gabinete Nacional de Pesquisa Económica norte-americano.

Clube da bancarrota: Portugal voltou a entrar

(Notícia do Jornal EXPRESSO)
Apesar da intervenção do FMI e de Bruxelas em Atenas, a Grécia subiu ao 2º lugar do TOP 10 mundial do risco de default da dívida soberana. Portugal voltou a entrar no clube ao final da sessão da tarde.
Foi sol de pouca dura, de novo. Portugal, ao final da sessão da tarde, voltou a reentrar no TOP 10 mundial de probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana), de onde havia saído no dia 18 de Junho. A percepção de risco é, agora, de quase 23% e o país encontra-se em 10º lugar.
Grécia em 2º lugar

Desde 17 de Junho que a Grécia tem assistido a um movimento de subida da sua probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana), apesar da intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de Bruxelas.

Atenas subiu para o segundo lugar no TOP 10 mundial deste risco, monitorizado pela CMA Datavision, e tem-se mantido, assistindo ao aumento gradual da probabilidade de default que, no final da sessão da tarde de hoje deste mercado financeiro, já atingiu mais de 52%.

O movimento de subida da Grécia tem sido acompanhado em particular pelo aumento da probabilidade de default de dois outros PIGS (acrónimo humorístico em inglês para o grupo Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). A Irlanda e a Espanha voltaram ao foco negativo na percepção dos investidores para os próximos cinco anos. O "tigre celta" subiu, de novo, acima dos 20% de risco e Espanha está acima dos 19%.
Risco de instabilidade em Dublin

O risco de instabilidade no cenário político em Dublin fruto de sondagens recentes alterando profundamente o xadrez político, agravado pela necessidade do sistema financeiro ter de arranjar o equivalente a 50% do PIB irlandês deste ano para refinanciar a dívida que chega à maturidade, estão a deixar os investidores internacionais nervosos.

As múltiplas notícias e rumores sobre a situação de eventuais perdas da banca espanhola (€99 mil milhões até 2012 , segundo a Standard & Poor's) devido à crise imobiliária local e sobre os resultados dos testes de stresse a esse sistema bancário são lenha para a fogueira na percepção negativa dos investidores.

Paul Krugman contra presidente do banco central alemão à frente do BCE

(Notícia do Jornal Público)

O economista norte-americano Paul Krugman considerou hoje o presidente do Bundesbank (banco central alemão), Axel Weber, como “um risco para a zona euro”, advertindo contra a sua eleição para presidir ao Banco Central Europeu (BCE).
Krugman afirmou também que o risco de “um efeito de dominó da Grécia, através da Espanha e de Portugal, até à Itália, é muito maior, se o Banco Central Europeu tiver um presidente tão conservador como Weber”.
“À frente do Banco Central Europeu não deve estar nenhum falcão da política monetária”, afirmou o Prémio Nobel da Economia 2008, na edição de hoje do jornal alemão de economia Handelsblatt.


Krugman defendeu ainda que os países da zona euro devem contrair mais dívida, “para evitar um regresso à recessão”, em vez de optarem pela actual política de contenção orçamental.

O economista fez também votos para que, após o fim do mandato de Jean-Claude Trichet na presidência do BCE, em Outubro de 2011, esta instituição passe a ser dirigida por um presidente “que dê mais importância aos riscos da deflação e ao risco de uma longa estagnação”.

Meta da inflação devia subir

Na opinião do economista norte-americano, Axel Weber (que tem sido referido pelos observadores políticos como principal candidato à sucessão de Trichet) “não é a pessoa adequada, porque se preocupa com uma inflação que nem sequer existe”.

Krugman advogou que as metas da inflação na zona euro sejam “claramente mais elevadas” do que os dois por cento recomendados no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), propondo que possam atingir três a quatro por cento.

Além disso, as economias europeias “devem acertar o passo”, propôs Krugman, considerando que a condição prévia essencial é passarem a ter uma política fiscal comum.

“O mundo não precisa de menos, mas sim de mais programa de apoio à conjuntura, e a política de estabilidade alemã actualmente é o caminho errado”, advertiu o economista norte-americano.

“Deflação é um perigo muito maior do que a inflação”. “Só quando a armadilha da depressão estiver afastada é que os governos devem ocupar-se dos défices”, disse Krugman, sublinhando que “a deflação é um perigo muito maior do que a inflação”.

O professor da Universidade de Princeton não exclui também sanções contra a Alemanha, se o Governo de Angela Merkel “continuar a tentar tirar vantagem” do euro fraco para aumentar as exportações.

“Se o euro passar a ter paridade com o dólar, os europeus vão ficar admirados com as exigências que o Congresso dos EUA fará, e eu apoiarei”, vaticinou Krugman.

“Não permitiremos que alguns países exportem a sua política de austeridade e façam aumentar o desemprego nos Estados Unidos”, concluiu.

CIP, AIP e AEP fundem área institucional: Nasceu a nova cúpula dos patrões

(Notícia do Jornal Público)
A nova estrutura associativa patronal de cúpula vai chamar-se CIP -- Confederação Empresarial de Portugal, tem João Gomes Esteves como presidente da comissão instaladora e deverá estar “em pleno funcionamento até ao final do ano”.

De acordo com o presidente da comissão instaladora, a decisão das três associações de fusão da componente institucional implicou “longas negociações”, tendo sido necessário “ultrapassar sucessivas dificuldades”, o que faz da CIP “um projecto onde só há ganhadores”.

A nova CIP resulta da decisão das três associações empresariais -- Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Associação Industrial Portuguesa -- Confederação Empresarial (AIP-CE) e a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) -- de fundir as componentes institucionais e que “dedicará uma atenção muito especial às pequenas e médias empresas [PME]”.
“A economia nacional e as empresas portuguesas, que passam a contar com uma nova estrutura associativa mais forte, independente do poder político, que melhor defenderá os seus interesses, são igualmente ganhadores [bem como] a AEP, a AIP-CE e a CIP”, realçou João Gomes Esteves, em conferência da imprensa, nas instalações da AEP, em Matosinhos.

O ex-vice presidente da CIP, que já tinha sido escolhido para a comissão instaladora da Confederação Empresarial de Portugal (CEP), resultado da fusão da AEP e da AIP, disse que “a nova estrutura associativa patronal representa empresas de todos os setores e regiões do país com estatuto de parceiro social”.

segunda-feira, junho 21, 2010

Tribunal de Contas recomenda sistema de controlo interno à FCT

(Notícia do Diário Digital / LUSA)
O Tribunal de Contas (TdC) apontou falta de rigor na Fundação para a Ciência e Tecnologia ao nível da gestão das bolsas, da contratação de doutorados e outros apoios financeiros, recomendando a definição de «um eficiente sistema de controlo interno».


No seguimento de uma auditoria à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), com o objectivo de analisar as gerências de 2007 e 2008, o TdC, entre outras recomendações, defende a «definição de um sistema de controlo interno no acompanhamento dos apoios concedidos».

De acordo com a informação presente no relatório final da auditoria, essa recomendação refere-se à «apresentação de relatórios de execução/prestação de contas (…) nas áreas da contratação de doutorados, fundo de apoio à comunidade científica, apoios especiais e outros apoios não tipificados atribuídos a entidades públicas e privadas».

Sugere também a criação de «bases de dados adequadas à gestão e acompanhamento dos apoios atribuídos no âmbito do financiamento plurianual de unidades e laboratórios associados, que permitam o exercício de um eficiente controlo, designadamente quanto ao apuramento dos valores a financiar».

As recomendações do TdC surgem depois deste organismo ter detectado, no que diz respeito a formação avançada (bolsas), um aumento de 61 por cento no número de bolsas geridas pela FCT, entre 2004 e 2008.


«Das auditorias de primeiro nível realizadas, entre 2006 e 2008, abrangendo 16 842 919,76 euros, foram apuradas despesas não elegíveis de 10 505,15 euros», lê-se no relatório.

Por outro lado, o TdC detectou «a falta de prestação de contas em 24 por cento dos contratos individuais de trabalho (CIT) analisados», no que diz respeito à contratação de doutorados, bem como uma «incorrecta contagem do prazo estabelecido, no concurso de 2006 e 2007, para a celebração dos CIT».

No que diz respeito ao financiamento plurianual de unidades, o TC aponta para a «inexistência de uma base de dados global, onde seja registada toda a informação respeitante à gestão/acompanhamento da execução do Programa Plurianual».

Existe, por outro lado, a «ausência de cruzamento de informação relativa aos bolseiros em unidades financiadas e em projectos de investigação».


Relativamente ao reequipamento científico, o TdC detectou a «inexistência de uma aplicação informática que permita a gestão e acompanhamentos da execução dos projectos» e a «falta de assinatura nos contratos de financiamento».

O relatório revela ainda que a FCT não publica em Diário da República «os regulamentos que definem o regime de acesso aos apoios e respectiva tramitação e dos avisos de abertura/fecho dos concursos».

O TdC recomenda, por isso, a publicação dos regulamentos em Diário da República, «o cumprimento do Código de Procedimento Administrativo quanto à contagem de prazos» e «a elaboração de manuais de procedimentos quer para as área administrativa e financeira, quer para as áreas que gerem e acompanham os apoios concedidos pela FCT».

Sugere ainda o «cumprimento dos regulamentos dos apoios aprovados e/ou adequação dos mesmos às efectivas características dos financiamentos».


Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior remeteu para mais tarde um eventual comentário a este relatório.

Lula critica Ocidente

(Notícia da Folha de São Paulo)
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na sexta-feira que a crise europeia ainda não atingiu proporções globais e que ela foi provocada por um sistema financeiro “apodrecido” nos países ricos.


“A crise hoje é uma crise europeia, provocada pela demora de tomada de decisão”, disse Lula na inauguração da siderúrgica ThyssenKrupp CSA, no Rio.

Segundo o Presidente brasileiro, a regulação do sistema financeiro brasileiro “deveria servir de exemplo aos países desenvolvidos”.

Para Lula, se os países europeus tivessem agido mais rapidamente, a crise não teria se espalhado para outros países, como Portugal, Itália e Espanha.

Lula comparou a demora da União Europeia em agir à acção do Governo americano na crise do subprime em 2008.

“Todo mundo sabe que se Bush tivesse dado ajuda financeira em Julho de 2008, o Lehman Brothers não teria falido”. Como isso não ocorreu, disse Lula, o Governo americano aportou quase um trilião de dólares para socorrer o sistema financeiro.

Luanda acolhe Fórum Estratégico

(Notícia do Jornal de Angola)
O Fórum Angolano para o Conhecimento Competitivo, Inovação e Desenvolvimento (FACID) e o Banco de Poupança e Crédito (BPC), realizam a segunda edição do Fórum estratégico e competitividade no próximo dia 24, no Hotel do Centro de Convenções em Talatona.


Será orador principal o Prémio Nobel da Economia, Paul Krugmam, que vai dissertar sobre o tema “Estratégia e Competitividade”, um observador de topo das matérias económicas e influenciador das políticas económicas mundiais.

A iniciativa tem como objectivo colocar Angola no circuito de reflexão especializada de matérias científicas para capacitação dos recursos humanos e do progresso económico.

O encontro vai abordar também temas relacionados com a saída de uma crise económica, a competitividade nacional, como construir uma economia forte, o ABC da política económica angolana, as lições da crise e a posição estratégica de Angola em África.Paul Krugman chega a Luanda a 22 de Junho. O fórum vai ainda contar com as presenças do ministro do Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, e do presidente da Agência Nacional de Investimento Privado, Aguinaldo Jaime, e outros académicos da arena nacional e internaciona.

O BPC, segundo a directora de Marketing, Sónia Antas, associa-se ao evento destinado a executivos e decisores da alta gestão quer pública, quer privada.

De tal forma que no fórum a instituição tem uma responsabilidade social. Os 10 por cento do valor arrecadado da venda dos bilhetes de acesso serão encaminhados à faculdade de Economia, nomeadamente à Universidade Agostinho Neto, para a área de investigação.

“O gesto serve para fomentar a dedicação à análise económica para os estudantes, que são a camada mais jovem”, reforçou.

Para o BPC, o projecto enquadra-se também no lançamento do segmento do centro de negócios, a ser inaugurado dentro de dias.

O BPC encontra-se num processo de modernização da sua imagem institucional e de reorganização dos seus processos internos, para melhor se adaptar à nova dinâmica e às exigências dos seus clientes.

domingo, junho 20, 2010

Passos Coelho pede Orçamento base zero para 2011

(Notícia da LUSA)
O presidente do PSD Pedro Passos Coelho sugeriu hoje que o Governo adote um Orçamento base zero para 2011, durante um almoço-convívio promovido pela Comissão Concelhia do PSD de Leiria.


Pedro Passos Coelho sugeriu ao Governo que “na preparação do Orçamento para 2011 adote aquilo a que os economistas chamam de Orçamento base zero”, ou seja, “obrigar toda a gente a explicar o que quer fazer com o dinheiro que propõe vir a receber”.

“Se estamos numa época de tantas restrições, em que o financiamento é tão escasso, o próprio Estado deve dar o exemplo de ver rubrica a rubrica, serviço a serviço, ministério a ministério, no que é razoável ser despendido daqui para a frente”, sublinhou ainda o presidente do PSD.

sábado, junho 19, 2010

GRÉCIA- 6 minutos realmente esclarecedores- Cohn Bendit!

Vejam o que as televisões não mostraram:


http://www.youtube.com/watch?v=wg5SU_bDNsA&annotation_id=annotation_928343&feature=iv
 
Apesar de ser um político em quem seria quase impossível eu votar.
 
Apesar de eu pensar que o Maio de 68 foi algo de totalmente irresponsável e descabido.
 
Apesar de todo o percurso deste indivíduo ser extremamente discutível, para dizeer o mínimo.
 
Apesar de tudo...vale bem a pena pensar. O que importa no fim é se ele tem razão ou não. Neste caso, penso que tem razão em demasiados aspectos!
 
Vale mesmo a pena ver.
 
Difícil ficar indiferente!